Brasil queixa-se de negociações com a China

O secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto, informou nesta quinta-feira (3), durante o lançamento do projeto para ampliar as exportações brasileiras para o mercado chinês, o Agenda China, que o Brasil tem encontrado sérias dificuldades para negociar com o governo chinês a abertura do mercado para a carne suína, barrada sob alegação de problemas sanitários. "A carne suína tem sido o vilão da inflação na China e nem assim eles assinam o protocolo para sua liberação", queixou-se Porto.

Ele revelou que o governo brasileiro não consegue sequer agendar uma data para negociar com a China e relatou que o governo chinês não respondeu à sugestão do Brasil para uma reunião sobre a carne suína na próxima semana, em Pequim. Diante do silêncio, foi sugerido um novo dia, 5 de agosto, sendo que o Brasil espera uma resposta que até agora, a quase um mês do novo agendamento proposto, ainda não chegou.

Porto alertou para a necessidade do governo se preparar tecnicamente para as negociações com o governo chinês e, por isso, o Ministério da Agricultura colocará um profissional (adido) na embaixada em Pequim com a missão de discutir o fim das barreiras chinesas a produtos agropecuários brasileiros. Apesar do funcionário não pertencente aos quadros diplomáticos, ele não tem dúvidas sobre as dificuldades de negociação. "Não pudemos nos iludir: os americanos, que são nosso principal concorrente na venda de produtos agropecuários para a China, têm na sua embaixada 32 profissionais tratando de agricultura", informou.

Presente ao lançamento da Agenda China, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o embaixador chinês no Brasil, Chein Duqing, disse, em discurso, em bom português, que os atritos bilaterais são naturais e fazem parte do processo de negociação. De acordo com o embaixador, quanto maior a relação comercial entre os dois países, mais divergências ocorrerão. Ele ressaltou, no entanto, que o Brasil tem muito mercado para ocupar na China, que importa quase US$ 1 trilhão do mundo inteiro. "Espero que os empresários brasileiros não peguem carona, mas que sejam atores dinâmicos desse ‘trem’ chinês", declarou Duqing.

Agronegócio

O secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura lembrou que a China é o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro e é neste setor, na sua visão, que está a grande oportunidade de se reduzir o déficit comercial bilateral para o lado brasileiro. No primeiro semestre, a China respondeu por 11,7% das exportações agropecuárias brasileiras, à frente da Holanda, devido ao porto de Roterdã, e dos Estados Unidos.

Para Célio Porto, é preciso diversificar as vendas do agronegócio para a China. Ele citou o complexo soja, que responde por mais da metade das vendas agropecuárias do Brasil para o mercado chinês. "O percentual de dois terços de um só produto é muito", advertiu.

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