O Brasil está entre os sete países mais vulneráveis a um choque de percepção de liquidez e risco entre 24 emergentes comparados em estudo pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do Ministério do Planejamento, com base em dados de 1998 a 2005.
O estudo simulou qual seria o aumento nos juros pagos por cada país em caso de um choque que diminuísse a liquidez (quantidade de dinheiro disponível) e de um outro que aumentasse a aversão a risco dos investidores.
O Brasil ficou em 7º no ranking da vulnerabilidade por choque de liquidez, com um acréscimo entre 1,5 e 2 pontos porcentuais. Também ficou em 2º lugar na lista dos mais vulneráveis no caso de choque de risco. Nessa simulação, o aumento foi superior a 3 pontos porcentuais nas taxas de juros. Nessa lista, o Brasil só fica atrás da Nigéria (com mais de 4 pontos porcentuais de aumento nas taxas).
O país mais vulnerável em relação à liquidez, a Ucrânia, teria um aumento de 8 pontos porcentuais., bem superior até ao patamar de alta nos juros estimado para o segundo colocado, a Nigéria, com pouco mais de 5,5 pontos porcentuais. Em seguida viriam Rússia, Equador, Bulgária e Turquia.
Os outros países no rol dos mais vulneráveis entre os 24 comparados são Venezuela, Uruguai, Panamá, Argentina, Indonésia, Peru e Colômbia. Todos esses teriam acréscimo de mais de 1 ponto porcentual nas taxas de juros que pagam por recursos do exterior em caso de choque de percepção de liquidez ou risco, segundo o estudo pelo Ipea. De acordo com o estudo, a redução das taxas de juros dos países emergentes ocorridas nos últimos três anos teve como determinante o cenário externo favorável.
Os pesquisadores Kátia Rocha, Roberto Siqueira, Felipe Pinheiro e Leonardo Carvalho registraram ainda que fundamentos macroeconômicos, como a dívida total do governo como proporção do PIB, e índices de governança, como a qualidade da regulação, "explicaram significativamente" tanto o nível dos juros quanto a vulnerabilidade de cada país.