Brasil e Estados Unidos terão cooperação em ciência e tecnologia

Representantes do Brasil e dos Estados Unidos assinaram nesta terça-feira (27) uma declaração conjunta de cooperação na área de ciência e tecnologia, numa preparação a acordo que será firmado na semana que vem, durante a passagem do presidente George W. Bush por nosso País. O texto define cinco áreas de parceria, a principal delas para a produção de etanol.

Os Estados Unidos planejam reduzir o consumo de petróleo em 20% nos próximos dez anos, substituindo-o por energia renovável, como o álcool, e querem o Brasil como seu parceiro preferencial na criação de um mercado hemisférico de etanol. Para 2008, segundo dados divulgados pela embaixada americana, Bush incluiu US$ 2,7 bilhões (R$ 5,7 bilhões) para pesquisa em energia renovável. Desse total, US$ 2 bilhões serão destinados a empréstimos para a construção de centrais de produção de etanol no continente.

A declaração conjunta foi assinada pelo embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, e pelo secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luiz Manuel Rebelo Fernandes. Além da produção do etanol, o documento aponta como áreas de cooperação a saúde pública, a pesquisa aeroespacial, o desenvolvimento de tecnologias da informação e a geociência.

A assinatura do texto começou a ser preparada em junho, quando uma delegação de cientistas brasileiros esteve nos Estados Unidos, visitando centros de pesquisa. É também o primeiro passo no cumprimento de uma resolução assinada pelos dois países durante a primeira visita de Bush ao Brasil, em 2005. Além do aspecto econômico, a cooperação tem um foco especial nas questões ambientais e na redução de gases geradores do efeito estufa.

Fernandes afirmou que a declaração representa um marco, por permitir que o Brasil saia da condição de mero receptor de ajuda tecnológica. "Os Estados Unidos são o principal parceiro do Brasil e nos ajudaram a consolidar nosso sistema nacional de ciência e tecnologia. Somos extremamente gratos por isso, mas agora atingimos a marca da reciprocidade e estamos capacitados para retribuir a cooperação em muitas áreas", disse.

O secretário citou como exemplo de reciprocidade a cessão do satélite de observação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – aparelho que será usado pelos americanos ao longo deste ano, enquanto seu satélite passará por trabalhos de manutenção.

Os EUA, conforme explicou Sobel têm também grande interesse em aprofundar a cooperação no setor aeroespacial, sobretudo no de imagens de satélite para monitoramento. O objetivo é prever secas, enchentes e intempéries com mais rapidez e precisão, em benefício da agricultura dos dois países. As duas economias, segundo o embaixador, são muito atingidas por fenômenos climáticos que podem ser enfrentados de maneira mais efetiva.

"Podemos crescer juntos em soluções para problemas que aflijam nossos territórios e a toda a humanidade, como o aquecimento global", completou Fernandes. Os EUA desenvolveram a produção de etanol a partir do milho, cuja produtividade é bem menos competitiva do que a da cana de açúcar. "Nesse campo, eles têm mais a aprender e estão muito interessados numa parceria conosco", disse o secretário.

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