Brasil desconhece pacto entre Venezuela, Bolívia e Cuba

O Ministério das Relações Exteriores recebeu com estranheza a informação de que Venezuela, Bolívia e Cuba teriam formado uma espécie de coalizão para atuar em defesa de posições comuns na Organização Mundial do Comércio (OMC). O principal negociador do Brasil na OMC, ministro Roberto Azevêdo, diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, informou à AE que não há evidências sobre tal coordenação entre os três vizinhos sul-americanos nas discussões gerais da Rodada Doha e nem mesmo dentro do G-20, o grupo de economias em desenvolvimento que atua em conjunto nas negociações agrícolas, sob a liderança do Brasil e da Índia.

"Mesmo que essa coordenação venha a acontecer, devemos levar em conta que qualquer aliança na OMC é pragmática e permutável. Ou seja, a coalizão é formada para a discussão de questões tópicas e sua composição pode mudar a qualquer momento", afirmou Azevedo.

A estranheza do Itamaraty sobre tal aliança está embasada principalmente no fato de os interesses da Venezuela, da Bolívia e de Cuba não serem coincidentes na própria Rodada Doha. Em comum, esses três países são membros do G-20. Mas, até mesmo dentro desse grupo, estão dispersos nas suas duas divisões.

A Venezuela e Cuba alinham-se com o subgrupo que defende uma posição mais protecionista em relação à agricultura familiar – a frente liderada pela Índia e a Indonésia. A Bolívia alinha-se à posição dos grandes exportadores agrícolas do Mercosul, liderada pelo Brasil, que exigem ampla abertura de mercados do setor e limitações rígidas às exceções.

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