Bons fluidos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantendo a tradição, fez ontem o discurso de abertura da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York. Na noite anterior teve um encontro com o amigo George W. Bush, no aristocrático Hotel Waldorf-Astoria, para passar em revista os temas pontuais da intervenção, tais como a Rodada de Doha, os subsídios agrícolas, o aquecimento global e, provavelmente o mais importante, a pretensão considerada legítima de o País vir a ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da instituição.

Assunto recorrente nas conversas anteriores entre os presidentes Bush e Lula e, de igual maneira do presidente brasileiro com os chefes de governo dos países integrantes do G8, são os subsídios agrícolas pagos pelos governos dos Estados Unidos e União Européia a seus produtores rurais.

Há tímidos rumores de que os Estados Unidos pretendem reduzir os subsídios agrícolas para uma faixa entre US$ 13 e 16,4 bilhões por ano. O ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores, que está ao lado do presidente Lula na viagem, reiterou que a disposição do governo norte-americano deve ser entendida como um movimento positivo em relação às economias emergentes que formam o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).

Na avaliação pessoal do ministro Celso Amorim, quanto mais perto dos US$ 13 bilhões chegar o corte, mais estímulo haverá para a agricultura dos países emergentes.

O contencioso dos subsídios agrícolas tem entravado o progresso das conversações sobre a Rodada de Doha para a abertura do comércio internacional, prejudicando sobremaneira os países em desenvolvimento, que reclamam condições menos restritivas para o ingresso de sua produção agropecuária nos mercados do Primeiro Mundo. Amorim explicou que desta vez a sinalização emitida por Washington é positiva, despertando a boa vontade do presidente Lula para colaborar com o êxito das negociações.

A redução dos subsídios agrícolas norte-americanos para um patamar entre US$ 13 e 16,4 bilhões, segundo o chanceler brasileiro, daria aos países emergentes mais espaço para a movimentação em busca de novos mercados. A realidade mostra que a margem de manobra para essas economias é demasiado restrita, em função do gigantismo econômico da política de subsídios praticada pelos países industrializados.

O presidente Lula também ficou satisfeito com a possível flexibilização do colega norte-americano, antevendo bons fluidos para o comércio mundial.

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