Bolsa Família garante aprovação do governo Lula

Sempre se desconfiou que havia uma relação direta entre os programas sociais do governo e as intenções de voto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora é possível discutir o assunto a partir de dados concretos. Depois de ouvir mil eleitores em 70 cidades, cruzando opiniões políticas e benefícios recebidos, o Instituto Ipsos Public Affairs informa que 56% dos cidadãos que avaliam o governo como ótimo ou bom já receberam benefícios do programa Bolsa Família ou conhecem alguém que o fez

É um dos sinais de que há essa relação direta, pelo menos entre programas e aprovação ao governo. A pesquisa apurou um retrato coerente: os benefícios são mais difundidos nas regiões onde o presidente é mais popular. E o governo tem mais apoio nas faixas de renda que mais recebem benefícios

Tradicional reduto das intenções de voto de Lula, o Nordeste recebe 52% dos benefícios, embora tenha pouco mais de 20% da população do País. Outra celeiro eleitoral de Lula, a Região Norte recebe 8% dos benefícios, embora tenha 6% da população

Quando perguntou a eleitores desses lugares se ele ou "alguém da família" recebeu benefícios ou conhece "alguém que já foi beneficiado além da própria família", o Ipsos recebeu respostas massacrantes: 38% dos ouvidos no Nordeste e 37% no Norte receberam benefícios sociais dentro da família. O porcentual chega a 75% no Nordeste e 60% no Norte quando a pergunta é ampliada para "alguém conhecido fora da família". No País, nada menos que 48% conhecem alguém beneficiado pelo programa

O Ipsos tabulou as perguntas considerando a faixa de renda do entrevistado. Entre os de renda familiar de até R$ 300 por mês, 34% são beneficiados pelo Bolsa Família e 20% pelo Vale Gás. Ao ampliar a pergunta para "conhece alguém", as respostas positivas para o Bolsa Família passaram de 60%. Entre eleitores que definem o governo como ótimo ou bom, 56% dizem conhecer alguém beneficiado pelo Bolsa Família e 37%, pelo Vale Gás

Para a maioria dos especialistas, é errado imaginar que benefícios distribuídos pelo governo se transformam automaticamente em votos. Clifford Young, diretor do Ipsos e responsável pela análise da pesquisa, acha que os dados levantados "não permitem falar numa relação de causa e efeito". Mas mostram uma situação mais complexa: "Você não sabe quem vem primeiro, o ovo ou a galinha.

Para ele, o levantamento mostra que as pessoas próximas dos programas sociais têm visão mais favorável do governo Lula – mas há nuances. Ouvidos pelo Estado, eleitores beneficiados costumam dizer que são capazes de separar o governo que lhes dá o benefício do político a quem darão seu voto.

O debate procede. Tanto que 38% dos eleitores que definem o governo Lula como ruim ou péssimo admitem ter conhecimento dos benefícios sociais e mesmo assim têm uma posição crítica.

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