BNDES apresenta lucro recorde de R$ 1,83 bilhão no primeiro semestre

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou lucro recorde de R$ 1,831 bilhão no primeiro semestre deste ano, 30% a mais do que o mesmo período em 2004 e superior aos R$ 1,498 bilhão de todo o ano passado.

Para 2005, o banco prevê crescimento dos desembolsos de pelo menos 20% a 25%, o que levaria as liberações para faixa acima dos R$ 50 bilhões.

A maior parte do lucro se deve ao rendimento à carteira de renda variável (ações) da BNDESPar, braço de participações do banco. O rendimento da carteira somou R$ 847 milhões, resultado de dividendos, juros sobre o capital e equivalência patrimonial, com destaque para Vale do Rio Doce e Petrobras. A maior parte desses investimentos foi feita no passado, explicou o presidente do banco, Guido Mantega.

"O objetivo do banco não é a obtenção do lucro, mas subsidiar o desenvolvimento. E essa missão está sendo cumprida. Operamos com as menores taxas de juros do mercado, menores spreads, e mesmo assim tivemos este resultado", disse.

Segundo ele, graças ao resultado da renda variável foi possível reduzir as taxas do banco. Na renda fixa, o resultado foi de R$ 611 milhões, sendo R$ 344 milhões nos empréstimos, R$ 200 milhões na redução de provisão de riscos de crédito e R$ 67 milhões fruto da variação cambial.

O lucro líquido teria chegado a R$ 2,3 bilhões, não fosse a mudança na forma da contabilização do ganho com a permuta de debêntures da Vicunha por ações da CSN.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) definiu que o valor tinha de ser contabilizado pelo custo de aquisição e não pelo valor de mercado, gerando diferença de R$ 438 milhões. Além disso, foi necessária contingência de R$ 387 milhões "em virtude de mudança na expectativa de desfecho" em ações judiciais.

Copom

Mantega explicou que o lucro do ano passado foi transformado em dividendos e serviu para reforçar o superávit do governo. Dessa forma, não foi incorporado ao patrimônio líquido. Ele comentou que o banco pretende incorporar o resultado deste ano, diferente do que ocorreu em 2004. Sobre a reunião do Comitê de Política Monetária, indicou que foi "uma supresa".

"Mesmo que os juros não tenha caído nesta quarta-feira, aliás para mim foi uma surpresa, há um consenso de que a tendência dos juros será descendente, começará a cair em algum momento", afirmou, citando que a inflação ‘está absolutamente sob controle". Disse, ainda, que com a queda dos juros, o câmbio caminhará "para patamar mais estimulante das exportações".

Esta semana, numa reunião em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou se o BNDES iria superar o desempenho do ano passado, na gestão de Lessa. "Ele fez uma brincadeira comigo, dizendo ‘olha veja lá se você não vai fazer menos que o seu antecessor’, sabendo que nós estamos fazendo mais", afirmou.

Mantega disse que conversa semanalmente com Lula e o informou dos resultados em julho, um crescimento de 50% sobre julho do ano passado.

A questão é que a meta inicial do banco era de liberar R$ 60 bilhões este ano. Nos primeiros sete meses do ano, apenas 40% dos recursos haviam sido liberados. "O orçamento é um limite. Não há um problema de oferta, há um problema de demanda" comentou.

Segundo ele, o crescimento dos desembolsos será "mais de 20%, 25% acima do que foi liberado ano passado". Nem mesmo a crise política preocupa o executivo. Ele disse que a crise não está afetando o desempenho do banco e que as liberações para a indústria estão 39% maiores. "Imagino que esta crise não vai se prolongar por muito tempo, acho que ela já chegou no seu ápice e já está na sua fase descendente. O pior já passou. Ela não chegou a afetar a economia", afirmou.

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