Biscaia acusa oposição de politizar a CPI dos Sanguessugas

O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), acusou nesta segunda-feira (23) os parlamentares de oposição de politizarem os trabalhos da comissão de inquérito. Sem citar nomes, Biscaia disse que há parlamentares na CPI que estão agindo como "assessores" do candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin. Biscaia garantiu ainda que a Justiça Federal de Mato Grosso e a Polícia Federal não puseram nenhum empecilho para que a CPI obtivesse os documentos referentes ao dossiê contra tucanos.

"A partir de 1º de outubro, a disputa política eleitoral se acentuou. Não sou assessor parlamentar de nenhum candidato. Vocês vão ver quais são os assessores do candidato Alckmin", afirmou Biscaia. "Estou registrando e anotando essas condutas. Vocês já viram algum parlamentar estar em Brasília para trabalhar na sexta-feira, no sábado e no domingo?", indagou. "Mas confio que na semana que vem, quando já terá sido eleito o presidente, que os ânimos serenem", completou o petista.

No último fim de semana, o vice-presidente da CPI, Raul Jungmann (PPS-PE), e o sub-relator de Sistematização, Carlos Sampaio (PSDB-SP), ficaram em Brasília analisando documentos e reunindo-se com técnicos. Jungmann deu entrevista acusando a Polícia Federal de estar sonegando documentos para CPI e ameaçou até entrar com uma representação no Supremo Tribunal Federal (STF). "Lamento essas declarações do presidente Biscaia. Ele falta com respeito aos integrantes da CPI, que jamais deixaram de respeitar sua autoridade", reagiu Jungmann. "Estou esperando acabar o segundo turno das eleições para promover a conciliação e continuar os trabalhos da CPI", comentou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), ao tomar conhecimento das declarações de Biscaia.

Barjas Negri

Assim como a oposição, Biscaia partiu para a politização da CPI. O petista afirmou com veemência que há "provas seguras e firmes" que comprovam o envolvimento do ex-ministro tucano da Saúde Barjas Negri, atual prefeito de Piracicaba, com a máfia das ambulâncias. Assegurou também a existência de provas contra o empresário Abel Pereira, ligado a Barjas e apontado por Luiz Antonio Trevisan Vedoin, um dos sócios da Planam, principal empresa do esquema, como lobista da organização criminosa dentro do Ministério da Saúde. "O Abel está envolvido até a raiz do cabelo. Não há dúvida nenhuma disso", afirmou Biscaia.

Ele também considerou "procedimento político eleitoral" a visita na sexta-feira, do tucano Carlos Sampaio ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Na ocasião, o tucano pegou a movimentação referente especificamente a um depósito de R$ 150 mil feito por Freud Godoy, ex-segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na conta de sua mulher Simone Godoy. O nome de Godoy também apareceu no escândalo do dossiê contra os tucanos.

Continuação das investigações

Biscaia afirmou que o juiz Jefferson Scheneider, que cuida do inquérito dos sanguessugas em Mato Grosso, vai enviar amanhã à CPI toda a documentação sobre o caso, inclusive os sigilos telefônicos dos envolvidos no escândalo do dossiê contra os tucanos. Na sexta-feira passada, um funcionário da Comissão foi a Cuiabá apanhar o relatório da Polícia Federal sobre o assunto, mas retornou a Brasília sem a documentação.

Na disputa político-eleitoral que tomou conta da CPI dos Sanguessugas, a deputada Vanessa Grazziottin (PC do B-AM) afirmou ontem estar certa de que a lista com os nomes de parlamentares envolvidos com a máfia das ambulâncias vai aumentar. Há cerca de dois meses, a CPI aprovou relatório com o nome de 72 parlamentares – 69 deputados e três senadores – que apontados como integrantes do esquema. "Pelo que vi, a lista da CPI vai aumentar porque há um período no tempo em que ficou sem investigações", disse a comunista.

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