BID perdoa dívida da Bolívia, Guiana, Haiti, Honduras e Nicarágua

Brasília – O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aprovou o perdão da dívida da Bolívia, Guiana, Haiti, Honduras e Nicarágua dos saldos de empréstimos pendentes em 31 de dezembro de 2004 de seu Fundo para Operações Especiais (FOE). Esta foi a principal decisão da  48ª Reunião Anual da Assembléia de Governadores do organismo, que teve inicio no último sábado (17) e vai até amanhã, na Guatemala.

"O processo de cancelamento da dívida representou prova inconteste de nossa capacidade de abrir mão de posições preestabelecidas em prol de um interesse institucional comum e maior: contribuir para a melhoria das condições de vida na Bolívia, Guiana, Haiti, Honduras e Nicarágua", afirmou o ministro do Planejamento do Brasil, Paulo Bernardo, que no último ano presidiu a Assembléia de governadores. Paulo Bernardo lembrou que o processo de cancelamento da dívida teve início na assembléia em Belo Horizonte, realizada no ano passado, e que deliberou pelo início das negociações.

Os cinco países beneficiados, que têm no BID o seu principal credor, foram liberados de pagar US$ 4,4 bilhões. Em nota, o BID afirma que o cancelamento das dívidas sublinha o compromisso do organismo "de ajudar os países mais pobres da América Latina e do Caribe em seus esforços para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas". As metas do milênio têm o objetivo de reduzir pela metade os níveis de pobreza até 2015.

Paulo Bernardo destacou ainda, em discurso realizado na sessão desta segunda-feira (19) da assembléia, que o ano de 2006 foi marcado por um crescimento vigoroso da economia na região. Mas salientou que ainda assim a América Latina e o Caribe cresceram menos do que outras regiões em desenvolvimento.

"Nossa poupança doméstica manteve-se aquém das reais necessidades de investimento. Nossas indústrias continuaram pouco competitivas. E as condições de vida de enorme contingente populacional são ainda degradantes: 39% de nosso povo são pobres e desprovidos dos direitos básicos de cidadania", declarou.

"Pode-se, hoje, dizer que se a macroeconomia vai bem, a microeconomia carece de eficiência e a eqüidade está ainda por estabelecer-se entre nós", disse.

Como solução para esse problema, o ministro sugeriu o apoio do organismo multilateral em desenvolvimento tecnológico, com especial atenção para a biodiversidade. "Abre-se uma janela de oportunidades para a América Latina e o Caribe semelhante àquela descortinada pelos eletroeletrônicos para a Ásia, no século passado. Fontes de energia não poluentes e renováveis, novos fármacos, química fina ou de especialidades, genética animal e agrícola constituem inovações de fronteira, onde nossa biodiversidade outorga-nos vantagens competitivas em relação ao resto do mundo", afirmou.

Paulo Bernardo fez o discurso na cerimônia em que o Brasil transmitiu o cargo de presidente da Assembléia dos governadores à Guatemala. Por tradição, a presidência da assembléia é ocupada pelo país sede da reunião anual, durante o período subseqüente à reunião.

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