Berzoini volta a ser cotado como futuro presidente nacional do PT

O secretário-geral do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), voltou, nesta quarta-feira, a ser cotado como candidato a presidente nacional do partido pelo Campo Majoritário, caso o presidente nacional da legenda, Tarso Genro, desista de participar da disputa, marcada para o dia 18.

Dessa vez, a suposição foi feita pelos candidatos a presidente nacional da sigla Marcos Sokol e Valter Pomar, de correntes de esquerda.

"O lógico seria o Berzoini", afirmou Sokol, referindo-se à participação que ele tem na atual gestão da agremiação. Apesar de insistir que não há como ter certeza de que esta será de fato a decisão do Campo Majoritário, Pomar reconheceu: "Acho natural que seja ele."

Berzoini foi prestigiado para assumir a presidência interina do PT na época do afastamento do então presidente nacional, José Genoino, envolvido na crise política quando o ex-assessor parlamentar José Adalberto Vieira da Silva foi preso com uma mala contendo R$ 200 mil, além de US$ 100 mil escondidos na cueca. Silva foi assessor do irmão de Genoino, o líder licenciado do partido na Assembléia Legislativa do Ceará, José Nobre Guimarães.

Além disso, o secretário-geral do PT também foi citado como possível representante do Campo Majoritário na época em que Genro ainda estudava se aceitaria ou não a candidatura.

Essa possibilidade ressurgiu nos últimos dias, com a notícia de que o presidente nacional do PT poderá abandonar a disputa, caso petistas envolvidos em denúncias – entre eles. o deputado José Dirceu (PT-SP) – recusem-se deixar a chapa.

Pomar lembrou que esta não seria a primeira vez que Berzoini assumiria uma candidatura de última hora no Processo de Eleições Diretas (PED) da legenda.

Em 2001, o secretário-geral entrou na eleição apenas um mês antes da realização, após o então candidato José Fortinatti ter retirado a candidatura.

"O Berzoini já está acostumado a ser chamado do banco de reservas", afirmou Pomar, que é terceiro vice-presidente da legenda. De qualquer forma, ele afirmou que uma estratégia como essa apenas repetiria o mesmo processo ocorrido no caso de Genro.

Segundo Pomar, nenhum dos dois é um representante "puro-sangue" do Campo Majoritário, o que gera contradições entre as posições pessoais e as do grupo que representam.

"O Tarso nunca deveria ter se candidatado", afirmou Pomar, acrescentando que ele teve de se transformar em "advogado de defesa" dessa corrente.

"O movimento que ele fez estava fadado a entrar em crise em algum momento. Não dá para representar um grupo e passar a campanha inteira atacando esse grupo."

Apesar de não detalhar a posição sobre uma eventual candidatura de Berzoini, Sokol destacou que a possibilidade de o presidente nacional petista deixar a disputa há apenas algumas semanas do pleito cria uma instabilidade ainda maior numa marcha prejudicada por questões como a crise financeira atravessada pela sigla.

"A saída do Tarso desestabiliza ainda mais esse processo", disse, insistindo, no entanto, que a origem das dificuldades do PED está na atual fase enfrentada pelo governo e não na candidatura do Campo Majoritário.

Para Sokol, o ultimato dado por Genro a Dirceu e outros envolvidos nas denúncias é apenas mais um reflexo do que ocorre no âmbito federal.

Apesar de apoiar a expulsão da agremiação de petistas envolvidos em acusações, Sokol disse que é preciso não apenas afastar alguns, mas também livrar o PT da política criada por eles. "O principal é que a política que veio com eles também seja expulsa", declarou.

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