Berzoini disse que contratou aloprados, afirma secretário

O retorno do deputado Ricardo Berzoini (SP) à presidência do PT ontem causou protestos dos dirigentes das duas principais facções de esquerda no mosaico ideológico petista: a Democracia Socialista e a Articulação de Esquerda. Berzoini reassumiu o cargo depois de ficar afastado da direção quase três meses, acusado de envolvimento no escândalo do dossiê contra tucanos. Joaquim Soriano, secretário-geral em exercício do PT, disse que o poder do presidente do partido, atualmente, chega a ser "imperial". "Não importa que a Polícia Federal o tenha isentado de responsabilidade. Ele disse a nós todos, na Executiva e em reunião da coordenação da campanha de Lula, que era responsável pela contratação dos aloprados."

Soriano observou que, embora Berzoini tenha o direito de reassumir o cargo, não conta mais com "legitimidade política". "Mas parece que o moribundo Campo Majoritário não percebe isso", criticou o secretário-geral e integrante da Democracia Socialista (DS), numa referência à corrente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do próprio Berzoini

Na avaliação de Soriano, o partido precisa revisar seu estatuto para se adaptar aos novos tempos. "Não vamos mudar o estatuto por causa desse caso específico, mas porque não dá para aceitar que o presidente do PT possa sempre tomar decisões unilaterais", insistiu. A revisão do estatuto que hoje engessa o PT ocorrerá no 3º Congresso do partido, marcado para os dias 6, 7 e 8 de julho, em Brasília

Instância máxima de deliberação da legenda, o Congresso também avaliará proposta para encurtar em um ano o mandato de Berzoini e da atual direção petista, de 2008 para o fim deste ano. Berzoini jogou água no fogo amigo, sob o argumento de que toda a polêmica é "fato superado". "Considero que houve uma série de ilações indevidas, que atingiram a minha pessoa, mas a partir de agora é vida nova", amenizou o deputado. "Vamos trabalhar para o PT ter mais coesão e ajudar a unir a base do governo.

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