Após um ano e quatro meses, o Banco Central (BC) resolveu retomar nesta sexta a prática de divulgar relatórios sobre temas específicos relacionados à economia. No estudo divulgado hoje, o BC apresenta uma explicação sobre o processo de tomada de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) ao longo de quatro páginas. A maior parte do relatório, entretanto, é dedicada a uma explanação mais detalhada sobre os modelos macroeconômicos usados para balizar as decisões sobre a taxa de juros. Coincidentemente, os modelos do Copom têm sido bastante criticados tanto por economistas da iniciativa privada como por integrantes da própria área econômica do governo. Para estes analistas, os modelos desenvolvidos pelo BC impedem uma queda mais acelerada da taxa de juros.
Os modelos, de acordo com o estudo divulgado hoje pelo BC, ajudam no esforço de se fazer uma avaliação prospectiva do comportamento da inflação. "Em uma perspectiva de médio e longo prazos, vários modelos foram desenvolvidos para fazer projeções de inflação, entre os quais se destacam os modelos estruturais que buscam captar as inter-relações dos principais agregados da economia brasileira", diz o estudo, elaborado pela equipe do diretor de Política Econômica, Mário Mesquita. Estes modelos, segundo o relatório do BC, procuram replicar o comportamento da demanda e da oferta agregada. "Esse tipo de instrumento é largamente utilizado pelos bancos centrais", afirma o trabalho divulgado pelo BC.
As informações fornecidas pelos modelos estruturais, de acordo com o estudo do BC, são complementadas por um conjunto de modelos não estruturais. "Além de gerar projeções de boa qualidade para o comportamento da inflação no curto prazo, os modelos são marcadamente úteis na simulação dos efeitos de choques específicos em variáveis exógenas sobre a inflação medida pelo IPCA ou de algum de seus principais componentes", diz o trabalho, divulgado pelo BC esta manhã. É com base nas informações destes modelos não estruturais que o Copom examina, em certos momentos, cenários alternativos para o comportamento dos preços.
O estudo destaca, ao mesmo tempo, que "o exercício de julgamento" é fundamental na definição da condução da política monetária. "Por mais informativos que sejam, modelos serão sempre uma aproximação da complexa realidade macroeconômica. Nesse sentido, é importante que projeções de inflação, indicadores antecedentes e todos os demais instrumentos de análise utilizados pelo Copom sejam combinados com o julgamento dos membros do comitê", afirma o estudo do BC. A avaliação qualitativa da realidade, de acordo com o trabalho do BC, possibilita a ampliação do universo de análise ao incorporar elementos não capturados diretamente pelos modelos ou pelos indicadores.