Autoridades afegãs são ligadas a venda de ópio, diz ONU

O submundo do crime afegão acomoda funcionários do alto escalão do governo que, por sua vez, encobrem e protegem os traficantes, permitindo um recorde no comércio de ópio e heroína que não será detido em menos de uma geração. Este quadro sombrio foi pintado por um novo relatório elaborado pelo Banco Mundial em conjunto com a Agência da ONU para Drogas e Crimes.

De acordo com o documento, a luta contra a produção de ópio (que é extraído da papoula) teve até agora um sucesso limitado devido principalmente, à corrupção. O relatório afirma que há "uma alta probabilidade de envolvimento de altos funcionários (do governo)" no comércio ilegal de drogas no Afeganistão. Em particular, o estúdio apresenta uma forte acusação contra o Ministério do Interior, que é responsável pela política antidrogas em todo o país, e afirma que o submundo do crime não conseguiria operar sem o apoio do mundo político.

"A maioria dos chefes de polícia está envolvida (no tráfico)", disse um oficial aos autores do relatório na condição de que seu nome não fosse revelado. "Se você não estiver (envolvido), será morto e substituído". O resultado, segundo o documento, é uma "complexa pirâmide de proteção e patronagem, que garante o auxílio do Estado às atividades dos traficantes". O porta-voz do Ministério do Interior, Zalmai Afzali, afirmou que não há evidências de que funcionários do alto escalão do governo estejam envolvidos no comércio ilegal de drogas afegão.

O cultivo de papoula e a produção de heroína se transformaram num dos piores problemas do país, já castigado pela guerra. O dinheiro arrecadado com o tráfico ilegal serve, em parte, para financiar a crescente insurgência taleban, que já causou a morte de pelo menos 3.700 pessoas apenas neste ano. A produção de papoula no Afeganistão cresceu 59% neste ano para 6.100 toneladas – o suficiente para produzir 610 toneladas de heroína, ou um terço a mais do que o consumo mundial da droga.

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