Yamaha XJ6 acessivel para motociclistas emergentes

As motocicletas de média cilindrada estão sendo cada vez mais procuradas em todo o mundo. Pensando nisso, em 2008 a Yamaha apresentou a linha XJ6 na Europa, com o intuito de oferecer uma moto quatro cilindros para os motociclistas emergentes. Para isso, a fábrica optou por produzir uma moto mais acessível e amigável que as concorrentes da categoria de 600cc. Como de praxe, o Brasil demorou um pouco para receber a nova família da marca, que desembarcou por aqui somente dois anos depois, no início de 2010. Em duas versões, uma naked (sem carenagem) e uma sport-touring (carenada), a moto aposentou a linha FZ6 no país, passando a ser a única opção quatro cilindros de média cilindrada da Yamaha. No resto do mundo, a marca dos diapasões atualizou o modelo Fazer e o equipou com um motor de 800cc. Mas o Brasil ficou de fora desses planos.

Para tornar a XJ6 mais acessível, a marca deixou de lado alguns aspectos, sobretudo, a esportividade de sua antecessora. Apesar de ambas carregarem motor de quatro cilindros em linha, as semelhanças entre ela e a FZ6 param por aí. A capacidade cúbica foi mantida, assim como o diâmetro e o curso dos pistões, e a carcaça externa do motor. Mas, a XJ6 ganhou novo cabeçote, virabrequim e dutos de admissão retrabalhados. Ficou um pouco mais “mansa”, mas ganhou mais torque em baixas e médias rotações. Seu propulsor oferece 77,5 cv a 10.000 rpm, comparados aos 98 cv a 12.000 rpm da FZ6.

Poucas mudanças

Para 2013, quase nada mudou. A XJ6 recebeu apenas algumas modificações estéticas assim como tantas outras motos lançadas ultimamente pela marca e não evoluiu, continuando a passar despercebida aos olhos do consumidor brasileiro. Embora os números de venda sejam bons é comum encontrar com quem não a conheça. Exemplo: durante o teste, não apenas um, mas vários motociclistas nos pararam para perguntar se a XJ6 N usada no teste era o novo modelo da FZ6. Um tanto quanto estranho para uma moto que já tem três anos no nosso mercado.

Por incrível que pareça, este ano é a primeira vez que a XJ6 N sofreu atualizações estéticas desde seu lançamento em 2008. As mudanças incluem novas carenagens no farol e aletas maiores no tanque de combustível. As lentes dos piscas também mudaram: não são mais amarelas e sim transparentes. A alça de apoio da garupa recebeu alterações e agora é formada por duas peças. O revestimento do assento ganhou um novo material, que oferece mais aderência ao piloto e passageiro(a). O desenho do painel foi mantido, mas agora conta com luz de LED para melhorar a visibilidade. De resto, tudo igual. Aos olhos leigos, pode parecer a mesma moto do ano passado.

Para a cidade e estrada

O chassi do tipo diamond ancora o motor DOHC de quatro cilindros e 600 cm3, com arrefecimento líquido. Por ser construído em aço, e não alumínio como sua principal rival, o peso da moto fica elevado, 215 kg (em ordem de marcha). Mas, isso não a deixa menos ágil no trânsito das grandes cidades. Em função dessa agilidade, somada a posição de pilotagem confortável, comandar a XJ6 N é tarefa fácil, tanto para os motociclistas mais experientes, quanto para os novatos. E esse é um dos principais atrativos da moto, um dos fatores que ainda a mantém na vice-liderança do segmento. A altura do assento, a somente 785 mm de distância para o solo, facilita o apoio dos pés no chão, deixando a XJ6 amigável para diferentes biótipos.

Para firmá-la como uma naked de entrada, a Yamaha equipou-a com um conjunto de suspensão espartano, visando também a diminuição do preço. Na dianteira, garfos telescópicos de 130 mm fazem um bom trabalho na absorção dos impactos. A balança traseira monoamortecida completa o conjunto e ainda oferece regulagem na pré carga da mola. Apesar de não ser equipada com ABS (apenas o modelo vendido no Reino Unido vem com o dispositivo), os dois discos dianteiros de 298 mm e o disco simples de 245 mm na traseira param com eficiência a XJ6 N. Mas, is,so não significa que o sistema antitravamento não seria bem-vindo.

Outro quesito que torna a XJ6N em uma opção interessante entre as nakeds de quatro cilindros é a economia de combustível. Por rodar bem em baixas rotações e mostrar força já nas faixas iniciais de giro, ela consome menos que as concorrentes. Durante nosso teste, percorremos exatos 257 km com a motocicleta, e utilizamos “apenas” 11,78 litros de gasolina. Na ponta do lápis, quer dizer, na calculadora, isso dá um total de 21,8 km/l. O consumo foi medido na cidade e na estrada, ambientes preferidos da XJ. Um número considerável para uma motocicleta de 600cc quatro cilindros, com uma pitada de esportividade.

Nas estradas o desempenho é bom, mas deixa a desejar na velocidade final em retas. As rodovias brasileiras tem o limite de velocidade entre 100 km/h e 120km/h, e estão lotadas de radares, então, esse não é um problema, pois ela ultrapassa essas marcas com facilidade. Mas, se você é do tipo que gosta de fazer “track days” nos finais de semana, a XJ6 N talvez não seja a melhor escolha. Em todo o caso, julgando sua performance na cidade e na estrada, o conjunto agrada bastante.

Vice-líder

Dentro da categoria naked de média cilindrada, a Yamaha XJ6 N ocupa a vice-liderança entre os emplacamentos: 3.565 unidades vendidas em 2012, só atrás da Honda CB 600F Hornet. O principal motivo pelo bom número de emplacamentos é por conta de seu preço atrativo, R$ 28.410,00 (sem frete), cerca de R$ 4.000,00 a menos que sua concorrente direta, a Honda CB 600 Hornet (sem C-ABS).

Entretanto, a Yamaha XJ6 N, a Suzuki Bandit 650 (R$ 29.990,00) e a Kasinski Comet GT 650 (R$ 21.990,00) são as únicas que ainda não se preocupam com a segurança de seu consumidor e não oferecem uma versão com freios ABS de suas motocicletas. Dessa maneira, ela fica com defasagem em comparação às suas outras concorrentes: a Kawasaki ER-6n (R$ 28.880,00 com ABS), Honda CB 600F Hornet (R$ 31.990,00 e R$ 34.990,00 com C-ABS) e BMW F 800R (R$ 35.500,00 com ABS de série).

Mas com seu conceito racional, que presa mais a facilidade de pilotagem, o conforto e a economia em detrimento da esportividade, a Yamaha XJ6N continua se mantendo na vice-liderança da categoria.

Mario Villaescusa / Agência INFOMOTO
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