Quem fez o terceiro lugar na IV Copa Festa da Uva?

Numa recente tarde ensolarada de domingo aproveitamos para visitar, em Curitiba, Adir Moss e retirar do baú da saudade velhas histórias de corridas de carreteiras. O tema principal da conversa foi qual piloto classificou-se em terceiro lugar na IV Copa Festa da Uva, disputada em Caxias do Sul/RS, em 19 de março de 1961. Conta Adir que Germano Schlögl, de São José dos Pinhais/PR, foi convidado pelos gaúchos a participar da prova e que, por sua vez, convidou-o.

Foi a primeira vez que Adir colocou os pés dentro de uma carreteira – a Ford 1940 número 52 de Germano – a fim de participar de uma corrida para valer. Saíram daqui num sábado, rodando cerca de 400 quilometros por estradas de chão, chegando em Caxias no final da tarde, para correr no domingo. Jornal gaúcho confirma que, lá chegando, Germano apenas perguntou “onde é que vai ter a corrida” e para o local se dirigiu, isto é, não treinou, não conhecia o trajeto da pista de cerca de 200 quilometros de estradas de chão e de asfalto.

Único piloto do Paraná presente, mal teve tempo de preparar o carro para o dia seguinte. “O motor da carreteira de Germano – diz Adir – ao contrário de outros ainda não tinha nenhum equipamento especial de competição importado, como cabeçotes de alumínio, válvulas, comando, carburadores duplos ou triplos. Era o simples motor 8BA V8 do próprio Ford por ele retrabalhado em sua oficina, com câmbio de 4 marchas.

Usávamos capacete precário, mas, a proteção interna do “Santo Antonio” não existia. A largada foi individual, um carro a cada tempo e fomos os terceiros, tendo saído Catharino Andreatta na frente. Durante o trajeto senti medo pois, nunca tinha visto um carro andar daquele jeito numa estrada. Germano era muito agressivo ao volante, principalmente nas curvas, quando o carro se atravessava todo mas, sempre sob controle. Não ultrapassamos ninguém e ninguém nos ultrapassou.

Quando chegamos sem nenhum problema fomos muito aplaudidos pelo público e pensamos que tínhamos vencido. Aí veio a decepção: o resultado oficial deu como vencedor o gaúcho Ítalo Bertão e nós em segundo lugar. Botamos a carreteira na estrada novamente e voltamos para casa.” Nessa corrida, Catharino, o mais famoso piloto gaúcho de todos os tempos, capotou sua carreteira.

O relato de Adir reforça o conceito de que Germano era preparador e piloto extraordinário, bi-campeão das corridas Curitiba-Ponta Grossa na categoria Turismo (Ford 1949), melhor piloto colocado nas Mil Milhas Brasileiras (quarto lugar) e que só não alcançou maior projeção no país por ter tido curta carreira no automobilismo, vítima que foi de acidente. Ah, e quem tirou terceiro lugar? Nem o Adir Moss se lembra!

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