Nissan Xterra, um jipão bom de lama

O utilitário-esportivo Nissan Xterra chegou ao mercado como o terceiro veículo da marca japonesa fabricado em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Trata-se de um utilitário esportivo de “design” arrojado e dimensões avantajadas, principalmente na altura.

Montado sobre o mesmo chassi da picape Frontier, o “jipão” mostra desenvoltura em trechos fora-de-estrada. Mas no asfalto o carro exige paciência para se suportar o sacolejo ao passar por buracos, valetas e lombadas. Para quem exige robustez e tração integral, o modelo é uma boa opção. Segundo a montadora japonesa instalada no Paraná, o Xterra produzido no Paraná tem índice de nacionalização superior a 47% .

Na frente faróis circulares, ampla grade dianteira e capô com entrada de ar que deixa claro o ar de valentia. Mas apesar de imponente, a “cara de mau” tem suas desvantagens. Para manobrar, a visão fica prejudicada pela altura do capô. Em contrapartida, a janela traseira fica livre do estepe, ao contrário da maioria dos utilitários-esportivos. No lugar do suporte que levaria o pneu sobressalente fica apenas um ressalto, que corresponde ao fundo do compartimento que abriga o estojo de primeiros-socorros.

Se a visão traseira é um ponto positivo, a tarefa de trocar o pneu depõe contra o Xterra. O estepe fica sob o assoalho do porta-malas, o que o torna difícil de ser alcançado. Fora esse deslize, o carro agrada pela praticidade do bagageiro no teto para objetos molhados (com ganchos para amarração) e por detalhes apreciados em utilitários-esportivos, como estribo lateral, rodas de liga-leve com pneus 265/70R 15 e faróis auxiliares de neblina. Além disso, o “jipão” mostra personalidade com a maçaneta da porta traseira embutida na coluna.

Na frente, o interior é idêntico ao da Frontier. Instrumentos ovalados, volante de quatro raios, botões do ar-condicionado de desenho arrojado, tudo veio da picape. Até mesmo a incômoda alavanca do lado direito da direção que solta o freio de estacionamento. O ideal seria que esse comando estivesse do lado esquerdo, o que facilitaria a troca de marcha logo após arrancar em subidas. Isso por que ao soltar o freio com a mão esquerda, a direita ficaria livre para troca de marcha. Além disso, o espaço para o movimento dessa operação seria maior.

Entre os itens que agradam no jipão está o sistema de som com 100 watts de potência, disqueteira de seis discos embutida no painel, quatro alto-falantes e dois “tweeters”. Os porta-objetos são muitos. E o espaço para bagagem é bom. Com os bancos traseiros rebatidos, a Nissan informa que há 1.260 litros para bagagem e uma tonelada de carga útil. No teto, embutida no módulo da luz de cortesia, há uma bússola eletrônica para quem tiver espírito aventureiro. No mesmo mostrador é possível visualizar a temperatura externa.

OLHO CLÍNICO

O “jipão? mostra desenvoltura em trechos fora-de-estrada. Seu motor 2.8 turbodiesel gera 132 cavalos e 34,7 kgfm de torque a meros 1.800 rpm, vem com refrigerador de ar (intercooler). Trata-se do motor MWM Sprinter.

É a partir do regime de torque máximo que o Xterra mostra do que é capaz. Basta o ponteiro do contagiros alcançar as 2.000 rpm e pronto, o “jipão” sobe ladeiras sem hesitar e transmite segurança nas ultrapassagens. O câmbio manual pode ter engates difíceis nos primeiros quilômetros, mas logo se acostuma com a posição das cinco marchas.

Com altura do solo de 23,5 centímetros e ângulo de entrada de 34º e 29º de saída, o “jipão” se sai bem quando é preciso enfrentar obstáculos de média dificuldade. As subidas e descidas são superadas com desenvoltura, apesar da ausência de dispositivos sofisticados para enfrentá-las. A tração integral é acionada por pequena alavanca, que seleciona também a reduzida, recomendável para trechos íngremes. Com pneus de uso misto (como na unidade avaliada), não é recomendável entrar em trilhas radicais.

Sua direção com assistência hidráulica é leve e precisa, facilitando as manobras. Os freios ABS com distribuidor da força de frenagem (EBD) é outro item que contribui para a boa dirigibilidade. Mesmo pisando forte no pedal, o “jipão” mostra-se equilibrado, sem desvios comprometedores de trajetória. Por causa do eixo rígido e da altura (1,89 m), deve-se ter cautela nas curvas, mas o carro mostra ter boa rigidez torcional graças às cinco travessas de aço das longarinas com perfil fechado (tipo duplo U).

Em parte do teto (direção dos bancos dianteiros) existe um bagageiro em forma de cunha, encaixado na frente do “rack”, que funciona como defletor de ar, melhorando a aerodinâmica do veículo. Segundo a Nissan, o Xterra é capaz de alcançar 164 km/h e de acelerar de 0 a 100 km/h em 14,3 segundos.

O fabricante garante que há 1.800 itens do Xterra cadastrados para facilitar a reposição de peças, inclusive os importados dos Estados Unidos e Japão.

Ficha técnica

Motor

dianteiro, longitudinal, alimentação por injeção de diesel, comando de válvula no cabeçote e sobrealimentado por turbina Garret com intercooler

Cilindrada

2.798 cm³

Taxa de compressão

17,8:1

Potência (cv)

132 a 3.600 rpm

Torque (kgfm)

34,7 a 1.800 rpm

Câmbio

manual, de cinco marchas

Comprimento (m)

4,53

Largura (m)

1,79

Altura (m)

1,89

Entreeixos (m)

2,65

Peso (kg)

1.935

Suspensão Dianteira

Independente, braço triangular duplo, barra estabilizadora, barra de torção, amortecedores telescópicos

Suspensão Traseira

Eixo rígido, feixe de mola semielíptico, barra estabilizadora, amortecedores telescópicos

Freios

Disco ventilado na dianteira e tambor na traseira com ABS

Tanque (l)

73,5

Porta-malas (l)

1.260*

*banco em posição normal até o teto

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