Morre João Amaral Gurgel, aos 82 anos

Morreu sexta-feira passada (30/1), aos 82 anos, em São Paulo, o engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, dono da extinta Gurgel Motores, a mais importante fabricante independente com capital integralmente nacional.

Gurgel, que há oito anos sofria de mal de Alzheimer, estava internado no hospital São Luiz.

Suas primeiras atividades industriais na capital paulista foram modestas, no início dos anos 60.

Produziu karts (Gurgel Júnior), minicarros para crianças (réplicas de Corvette e Karmann-Ghia) e realizava experiências iniciais com veículos elétricos embrionários.

Gurgel fundou em 1962 na cidade de Rio Claro (SP) a fábrica que levava seu nome. Durante esse período Gurgel desenvolveu carros totalmente nacionais, do projeto à fabricação.

“Se Henry Ford o convidasse para ser seu sócio, você não aceitaria?” Com essa proposta tentadora, Gurgel vendeu 10.000 lotes de ações para viabilizar a fabricação do econômico BR-800, que começou com o projeto denominado Cena.

No Salão do Automóvel de 1966, três anos antes de se estabelecer de modo mais bem organizado como indústria, lançou o bugue Ipanema com chassi e mecânica do Fusca. O utilitário leve Xavante XT tornou-se o primeiro sucesso de vendas já em 1970.

As linhas lembravam as do Ipanema, mas Gurgel desenvolveu um chassi próprio e engenhoso: tubular de aço, revestido de plástico reforçado com fibra de vidro, sendo esse também o material da carroceria.

Gurgel era um sonhador. “Ele é quem foi mais longe na missão de construir um automóvel genuinamente nacional”. São inúmeros os modelos que ainda rodam por aí: BR-800, Supermini (uma evolução daquele), Carajás, XEF, Tocantins, entre outros. As atividades da Gurgel Motores S.A. foram encerradas em 1994.

O sonho de Gurgel era ser fabricante de automóveis. Mais do que isso: um fabricante nacional de automóveis. Não, o sonho de Gurgel não acabou. Pode ser que se tenha perdido durante a luta travada contra as grandes montadoras. Mas seu sonho continuará, por muito tempo, a vagar pelas nossas mentes.

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