…e o “Repolho” Rolou no Barranco! (Final)

Depois de cumprirem o desfile por ruas de Curitiba e serem aplaudidos pelo público que lotava as calçadas, os carros chegaram ao quilômetro zero da Rodovia do Café, no Parque Barigui dois a dois, com os mais potentes (as carreteiras) à frente.

Bastou que o carro conversível que conduzia a Miss Brasil Angela Vasconcelos saísse da frente do pelotão para que o então Governador do Paraná Paulo Pimentel acionasse a bandeira de largada.

Os motores dos 32 carros roncaram alto, tendo à frente a carreteira Ford número 27 de Altair Barranco e um Gordini estilo carreteira de São Paulo, iniciando uma das mais saudosas corridas automobilísticas no trajeto ida e volta até Londrina/PR, perfazendo 802 quilometros. E Luiz Augusto Piá de Andrade, o “Repolho”, estava lá com seu Gordini número 55, atrás.

“Ainda antes da cidade de Campo Largo – conta ele – encontrei o Simca protótipo de Jaime Silva capotado ao lado da estrada, enquanto ele acenava alertando os demais pilotos. Foi um sufoco para meus ouvidos até Londrina, chegando a sentir dor de cabeça, pois, sempre tinha um DKW com o motor berrando do meu lado. Na altura da localidade de Embaú deveria reabastecer de gasolina o carro, mas, não encontrei o pessoal de apoio e passei direto. Resultado que tive de parar num posto de abastecimento à beira da estrada logo adiante, mas, ali não havia gasolina azul e sim a comum. Paguei pelo combustível e quando ia sair vi o Gordini número 106 da Transparaná, pilotado por Carlos Eduardo Andrade – Dado Andrade- parado e com o motor superaquecido. Mais adiante, no alto da Serra do Cadeado, Dado Andrade parou definitivamente com o motor do carro avariado. Depois de tirar o pé do acelerador muitas vezes para desviar de cães que invadiam a pista, cheguei a Londrina sem nenhum problema no carro, tendo apenas que verificar as condições do óleo do motor, da água e dos pneus. Por ordem de chegada, a relargada dos carros foi após o almoço. Relarguei na frente da carreteira número 8 de Camilo Christófaro, que na ida havia saído da estrada e perdido um bom tempo. Lá pelas tantas, quando estava a cerca de 130 quilometros por hora, ouvi um barulhão de motor V8 e Camilo passou a uns 200 por hora, num espetáculo bonito, pois, as rodas da carreteira levantavam água do asfalto para todos os lados. Já na Segunda curva da Serra do Cadeado, com a pista molhada, reduzi de 130 para 70 quilometros por hora, mas, o carro aquaplanou, subiu um barranco, desceu capotando e parou com as rodas no chão. Foi o fim da corrida para mim.”

Neste acidente, o extintor de incêndio, preso a uma barra na parte de trás do carro, soltou-se e atingiu o rosto do “Repolho”, fraturando seu nariz e fazendo o sangue verter.

Mas, o piloto não perdeu a consciência e ainda tentou trocar o pneu dianteiro direito do carro para voltar a corrida, mas, não dava mais. Foi aí que surgiu o seu primo Luiz Gastão Ricciardela com a berlineta Interlagos número 100 da Transparaná, que parou e deu-lhe carona.

“Três quilometros adiante – prossegue – lembrei que havia deixado a carteira com documentos e dinheiro no meu carro. Ricciardela parou de novo e me deixou próximo a uma residência, cujos moradores me deram assistência, analgésico, curativo e até um Band-aid. Fui obrigado a caminhar até onde estava meu carro para apanhar os pertences. Voltei a Curitiba com três outros participantes da corrida, num DKW que já estava fora dela também por avaria.”

Luiz Augusto Piá de Andrade restaurou seu Gordini e pintou-o de dourado. Hoje, a paixão por corridas e a saudade dos amigos de então, continua. Na foto, o seu Gordini depois do acidente.

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