Auditoria verificará outras empresas aéreas além da TAM

Para evitar que o apagão aéreo da semana passada se repita às vésperas do ano-novo, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) inicia nesta terça-feira (26) uma auditoria na central de reservas da TAM, em São Paulo. O objetivo é impedir o overbooking (venda de bilhetes acima do número de assentos disponíveis). Apontada pelo governo como responsável pelos transtornos dos últimos dias, a TAM não será a única a sofrer fiscalização. Técnicos da Anac vão monitorar, durante toda a semana, as empresas do setor.

A prática do overbooking, segundo a Anac, contribuiu para o colapso operacional da TAM no Natal. "A preocupação agora é montar um esquema preventivo para o fim de semana", disse ontem o presidente da agência, Milton Zuanazzi. Mesmo evitando fazer previsões sobre o resultado da auditoria na TAM, ele disse que, se as vendas para o réveillon também tiverem extrapolado a capacidade da frota, a agência vai sugerir o remanejamento de vôos e até o fretamento de aeronaves para cobrir rotas regulares.

"Vamos vasculhar tudo e levantar com precisão quantos bilhetes foram vendidos e a disponibilidade real de assentos. Esse problema (de overbooking) não vai se repetir no ano-novo", afirmou Zuanazzi.

Entre as evidências contra a TAM, já em poder da Anac, está um vídeo feito por um passageiro num avião com 25 pessoas a mais que o número de assentos. O vídeo mostra funcionários da TAM oferecendo R$ 1.500 a quem aceitasse, espontaneamente, descer da aeronave. Há relatos de casos em que a empresa ofereceu R$ 5 mil para quem desistisse de embarcar.

Durante a inspeção, a Anac vai analisar o impacto do número de vôos charter sobre as linhas regulares das empresas. Um dos problemas que agravaram a crise operacional da TAM na semana do Natal foi o uso de aviões da sua frota de 95 aeronaves para atender a esses vôos, fretados por agências de turismo. A Anac constatou que a quantidade de contratos especiais fechados para o réveillon é superior ao do Natal. Os principais destinos são cidades litorâneas do Nordeste, mas há muitas encomendas também para o exterior.

Nesta época do ano, o fretamentos de aviões por parte de empresas de turismo cresce muito, o que leva as companhias aéreas a operarem no limite. Até aeronaves que nos fins de semana costumavam ficar paradas são utilizadas.

O diretor de Relações Institucionais da TAM, Paulo Castello Branco, garantiu que não haverá problemas no ano-novo. Por precaução, a empresa já colocou aviões reservas nos Aeroportos de Brasília, Congonhas e Galeão. "Quem espera que a Anac constate overbooking vai se decepcionar. Estávamos trabalhando com um índice de ocupação de quase 80%. Não havia sentido fazer overbooking", disse Castello Branco. A empresa retoma hoje a venda de passagens, suspensa por determinação da Anac durante o Natal.

Tranqüilidade

Após cinco dias de caos, a situação ontem foi tranqüila nos aeroportos. Segundo balanço divulgado pela Anac, da zero até as 17 horas, 169 dos 1.265 vôos programados sofreram atrasos de mais de uma hora – 13,3% do total. Em todo o País, 237 vôos (18 7%) foram cancelados, mas a agência esclareceu que isso ocorreu em virtude da readequação dos horários e da malha aérea, o que criou oferta acima da demanda. O Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, liderou o ranking de atrasos – 45 dos 131 vôos saíram fora do horário -, seguido por Salvador e Recife. No auge da crise, os atrasos atingiram 55% das partidas em todo o País.

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