Atuação independente

A aprovação do relatório final da CPMI dos Correios, peça redigida pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), além da acachapante derrota do Partido dos Trabalhadores e, por extensão, do presidente Luiz Inácio Lula Silva, enfatizando perante a nação o que todos sabiam, a existência do mensalão, serviu também para mostrar a independência com que os dirigentes da comissão conduziram os trabalhos.

O presidente da CPMI dos Correios foi o senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-técnico e diretor da Petrobras, cuja maior surpresa veio da constatação de em momento algum deixar-se subjugar pela filiação ao PT e, o que seria natural, mas condenável, fazer vista grossa ou corpo mole ante o recrudescimento da oposição, em momentos delicados para o governo.

Passada a tormenta originada pela aprovação do relatório, onde de modo categórico verificou-se a posição intimorata do então presidente da comissão prestes a encerrar os trabalhos, apesar do descontrole emocional de parlamentares petistas, o senador Delcídio Amaral ponderou não ter sido eleito presidente da CPMI para defender os interesses do Partido dos Trabalhadores, ou qualquer outro partido da base.

O furor contra o relatório de Osmar Serraglio, do qual se buscava até com certo desespero eliminar os aberrantes indícios da existência do mensalão e o pedido de indiciamento dos ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken, foi tão cego que a exaltação petista concebeu um relatório paralelo para substituir a palavra mensalão por caixa dois.

Sobre o disparate, ao qual Serraglio havia chamado a atenção antes da votação do relatório, o senador Delcídio Amaral revelou que o presidente Lula seria o mais prejudicado pela derrubada do documento original.

Segundo ele, o primeiro voto em separado a ser apreciado era o do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), pedindo o indiciamento do presidente da República por crime de responsabilidade. A preocupação do relator em poupar a pessoa de Luiz Inácio do formigueiro em que o partido o meteu tornar-se-ia irreversível com a aprovação do relatório paralelo.

Ao reconhecer a prática do caixa dois, o substitutivo invocado aos berros e ameaças de agressão física por parte de senadores e deputados do PT simplesmente tornaria verdade cristalina a versão de que a campanha de Lula teria sido beneficiada pelo esquema, já que os pagamentos foram feitos em seu mandato.

A bancada de Lula queria a sua desgraça…

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