Atrasos nos vôos continuarão até 2007, prevê Decea

O caos vai continuar. Só em meados do ano que vem o controle do tráfego aéreo será normalizado. É o que disse ontem o chefe da área técnica do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) brigadeiro Álvaro Luiz Pinheiro da Costa. O problema do setor, acrescentou, é a falta de pessoal, aliada ao crescimento do tráfego no País em níveis acima do projetado. "Não há controladores suficientes. Só por isso os vôos têm atrasado", disse o brigadeiro. "O sistema, por falta de pessoal, caiu à metade da capacidade.

Os controladores de vôo concordam com o brigadeiro. No domingo, os problemas no sistema de controle de vôo ocorreram no setor de Brasília (ACC-BS). Ali há três áreas: Brasília, São Paulo e Rio. Foi nesta última que houve um imprevisto. A necessidade de dois deles se ausentarem do trabalho obrigou os quatro que ficaram trabalhando a aumentar o fluxo de pousos e decolagens para 20 minutos. Com isso, deu-se o reinício do caos aéreo no País.

Os controladores advertem que o caos continuará por ‘um bom tempo’, apesar do reforço que estão recebendo, "porque falta muita gente para atender a demanda do tráfego aéreo no País". Na chamada Região Rio, na manhã de ontem só havia trabalhando quatro operadores e dois supervisores. Com esse efetivo só dá para trabalhar com uma console, ou seja, só dá para controlar 14 aviões em toda esta área ao mesmo tempo, o que é absolutamente insuficiente para atender o tráfego aéreo. São necessários no mínimo 11 controladores para se trabalhar em três mesas de radar (consoles), que, em muitos casos, ainda é insuficiente para determinados horários.

Segundo um piloto de jato, os controladores tentam manter à risca o intervalo de dois minutos entre decolagens de aviões que seguirão a mesma rota e de um minuto para percursos diferentes. Com o aumento do fluxo de aviões, eles chegam a ficar muito tempo retidos no solo. "Quando há um atraso, é gerado um efeito dominó." No domingo, o tempo entre as decolagens subiu para 20 minutos.

Segundo o brigadeiro, o caso de Brasília pode ilustrar o problema da falta de pessoal. O militar do Decea disse que, após a queda do avião da Gol, como é praxe em casos de acidentes, dez controladores entraram em licença médica. Em seguida, outros dez também pediram a licença. Ou seja, desde então, 20 dos 160 controladores de Brasília deixaram temporariamente as funções. Pinheiro afirmou que a normalização depende da ampliação do quadro de controladores e do retorno dos licenciados.

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