Atletas anônimos se preparam para a Maratona de Curitiba

Quando o assunto é a prática de atividade física, ouve-se, com freqüência, aquela velha desculpa: “Não tenho tempo”. Se este é o seu caso, mude de opinião ou procure outra desculpa, pois essa não vale mais. Basta olhar para as ruas, seja da janela de seu carro ou do ônibus, para ver que muita gente encontrou tempo para começar a se mexer.

Comece a reparar como aumentou o número de pessoas correndo nas ruas e nos parques da cidade. Gente como a professora Marli Manfroi, de 47 anos. Há dez anos, ela apenas caminhava, de vez em quando. Hoje, Marli tem no currículo oito maratonas e está se preparando para a sua 9ª prova: a Maratona Ecológica de Curitiba, no próximo dia 21.

Ela corre todos os dias, pelo menos 10 km. E sabe quando? Na hora do almoço. Esse foi o tempo que Marli arrumou, uma vez que pela manhã ela estuda; à tarde, trabalha; e, à noite, cuida da casa, dos filhos e do marido. Aliás, este ano, o marido de Marli, Ademir Manfroi, de 52 anos, que só a acompanhava de bicicleta, se rendeu e começou a correr com ela. “O prazer que sinto correndo é tão grande que hoje não me imagino mais sem isso. Tempo a gente arranja. É só dar o primeiro passo”, conta Marli.

Além dos dez quilômetros diários, Marli faz os chamados “treinos longos” nos finais de semana, de 20 a 25 km. A preparação é mais intensa por causa da Maratona de Curitiba, a 5ª de Marli. A idéia é melhorar o seu tempo de quatro horas e 28 minutos para completar os 42.195 metros da prova. “Já fiz maratonas em outras cidades e, sem dúvida, a de Curitiba é a melhor. O percurso é difícil, mas a organização e o incentivo da população fazem da prova uma experiência única”, diz ela.

Marli está entre os cerca de dois mil atletas anônimos da Maratona de Curitiba. Eles não têm os melhores tempos, nem as melhores condições de treino dos atletas profissionais que disputam a prova, mas têm a garra e a determinação de vencer a si mesmos. Para eles, não importa necessariamente a classificação final, mas sim vencer os limites do próprio corpo.

“É emocionante ver a expressão de vitória dessas pessoas ao cruzarem a linha de chegada. Ali não tem perdedor. Para eles, completar a prova já é uma vitória”, diz o coordenador da Maratona de Curitiba, Romualdo Diniz Tissot, que participou da organização das 7 provas realizadas aqui.Deus que leva – O motorista Francisco Ferreira, de 64 anos, começou a correr com 46 anos e tem uma frase pronta para cada pergunta feita sobre o assunto. Se a gente pergunta como é participar de uma maratona, ele responde: “Até o quilômetro 30 a gente vai bem, depois, Deus é que leva”.

Sobre a paixão pela corrida ele conta: “Gosto tanto de correr que já deixei até de ir em enterro de parente. Já tinha morrido mesmo, fazer o quê? Vou treinar que eu ganho mais”, diz ele. E quando a gente pergunta como ele começou a correr, prontamente ele responde: “Minha filha, correr é igual trair. Basta a gente começar que não pára nunca mais”, afirma ele, dando risada.

Todos os dias, Francisco percorre correndo a distância de seis quilômetros da casa dele até o trabalho. Volta também correndo. Mas aí são 13 km, já que ele aumenta o percurso para treinar mais. Ele faz isso há 20 anos. No próximo dia 21, faça chuva, faça sol, lá estará o Francisco, às 7 e meia da manhã, entre centenas de anônimos que, por algumas horas, terão a cidade aplaudindo um esforço solitário de uma vida dedicada ao esporte.Serviço – O prazo das inscrições vai até 20 de novembro. Até o dia 12, as inscrições podem ser feitas via internet – www.maratonadecuritiba.com.br  – ou pessoalmente na Secretaria de Esporte e Lazer, na rua Desembargador Westphalen, 1566, no valor de R$ 35,00. Do dia 13 ao dia 20, só serão aceitas inscrições na Secretaria e, neste período, o valor passa para R$ 55,00.

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