Atenção às calçadas

Um tema que não seduziu prefeitos anteriores de Curitiba, dentre eles um urbanista que se afirma respeitado em todo o mundo e discípulos fiéis de sua catilinária, acaba de estrear na agenda do prefeito Beto Richa: o projeto Caminhos da Cidade.

Trata-se de dar um mergulho profundo num problema bem conhecido dos curitibanos, a extrema pobreza da concepção das calçadas da maioria das ruas, malfeitas, desniveladas, perigosas e, em muitos casos, causadoras de acidentes de relativa gravidade à integridade física dos transeuntes.

O prefeito Beto Richa enviou à Câmara Municipal um projeto de lei pedindo a criação do referido programa, com o compromisso de iniciar as atividades em janeiro do ano que vem. O projeto prevê a criação do Fundo Municipal de Readequação das Calçadas, estabelecendo parcerias com a iniciativa privada e os próprios moradores, a fim de reparar de uma vez por todas essa que é uma das vergonhas exibidas pela cidade.

Curitiba tem a enormidade de 8,6 mil quilômetros de calçadas, dos quais 60% sem pavimento. Contudo, muitos dos trechos pavimentados foram considerados de baixa qualidade pelos técnicos que esboçaram o projeto de lei. O prefeito tem pela frente uma tarefa longa e difícil, mas decerto saudada com o entusiasmo dos munícipes.

De longe mais relevante para a qualidade de vida dos cidadãos que a sucessão de portais, mirantes e cascatas luminosas, é transformar a extensa rede de calçadas pela qual transitam milhares de pessoas no cotidiano duma metrópole do porte de Curitiba em locais que ofereçam conforto e segurança, acima de tudo.

A determinação do prefeito vem atender, de modo especial, idosos, crianças e portadores de deficiências físicas, os mais prejudicados pelo péssimo estado de conservação desse equipamento urbano, não raro dando feição de autêntica corrida de obstáculos ao que deveria ser uma aprazível caminhada.

Administrador versátil e sensível aos problemas dos moradores da cidade, o prefeito faz bem em não se preocupar com obras de discutível efeito regenerador dos gargalos urbanos, em muitos casos agravados, concentrando a atenção nas carências relegadas pelos antecessores.

Talvez esse seja um bom momento para lembrar sua excelência do estado precário do leito carroçável de muitas ruas, face às intensas chuvas caídas em outubro. Até agora não há notícia de algum esforço da Prefeitura na correção da série infindável de buracos abertos na pavimentação.

Voltar ao topo