Assembléia da CNBB debate bioética, exclusão e crise política

Reafirmar a posição da igreja católica frente às mudanças culturais é ponto central da 43ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que será aberta nesta terça-feira na Casa de Retiros da Vila Kostka, em Itaici, município de Indaiatuba, SP. As discussões incluem questões religiosas, sociais e assuntos polêmicos, como o anteprojeto da lei de aborto, biotecnologia e crise política.

O tema da assembléia, Evangelização e Profetismo: Novos Desafios para a Missão da Igreja, resume o sentido do encontro, do qual devem participar pouco mais de 300 bispos, até o dia 17. O tema será dividido em três subtemas: pluralismo cultural e religioso, novas tecnologias e exclusão social e missão da igreja, informou o secretário-geral da CNBB, d. Odilo Pedro Scherer, na entrevista de abertura do evento.

Devem ser divulgadas no encontro duas declarações da igreja católica a partir da análise da situação do Brasil, sobre os desafios da evangelização e questões de bioética. "A Assembléia é importante porque os bispos trazem diversas situações de suas regiões", comentou o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura, Educação e Comunicação, d. Orani João Tempesta.

Também deverá ser aprovado no encontro, segundo d. Orani o Diretório de Catequese, além de eleitos os quatro delegados e dois suplentes para o Sínodo dos Bispos, em outubro. Os bispos preferiram não adiantar informações sobre cada assunto, alegando que a pauta da assembléia ainda seria definida e os temas, debatidos.

Pela TV

Uma pesquisa sobre o trânsito religioso e mapas da filiação religiosa no Brasil, encomendada há dois anos ao Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris), deve ser divulgada no encontro. Segundo d. Odilo, os bispos vão avaliar as estatísticas e utilizar os dados como base na definição de novas metodologias de evangelização.

"Com os dados da pesquisa vamos avaliar que tipos de metodologia podem ser colocados em prática", disse o bispo. Está em estudo, desde o ano passado, a criação de um programa semanal de televisão da CNBB, para ser retransmitido por qualquer emissora interessada. O secretário-geral lembrou que a CNBB não participa diretamente de nenhuma das várias emissoras de tevê católicas em operação hoje no Brasil.

Desafios

Todos os temas da Assembléia serão tratados com igual importância, garantiu d. Odilo. Ele destacou como desafios ao trabalho da igreja as questões de biotecnologia e exclusão social, além da necessidade de discutir suas implicações éticas, políticas e econômicas.

O bispo reconheceu que a igreja católica manterá suas posições sobre assuntos como aborto, uso de embriões para pesquisas, eutanásia e transgenia, mas sob "as novas circunstâncias em que se encontram". Citou como circunstância nova o "bem articulado" anteprojeto sobre a lei de aborto que deverá ser apresentado ao Congresso Nacional.

"A posição da igreja é geralmente conhecida como não. Mas é sim, em defesa da vida. Vamos manifestar novamente, colocar ao público, os argumentos que estão na base dessa posição", disse d. Odilo. Ele lembrou que a igreja não participou da elaboração do anteprojeto da lei de aborto, mas garantiu que irá se manifestar quando a discussão for aberta à população.

Não descartou a possibilidade de a igreja mobilizar os católicos contra a aprovação da lei. Mas alegou que nada está definido. "Podemos debater uma estratégia. Queremos participar do que acontece na sociedade. O Brasil não impede que grupos se mobilizem com relação a decisões que envolvem a sociedade."

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