Apicultores apostam na modernização

A apicultura catarinense passa por um momento de transição. Responsável pela quarta maior produção brasileira de mel, com 3,6 mil toneladas do produto em 2004, o Estado já ocupou o primeiro lugar nesse ranking. Perdeu o posto por falta de tecnologia e fatores climáticos. Por isso, agora os catarinenses estão em busca de um produto de alta qualidade através do incentivo a novas tecnologias, como o manejo adequado, alimentação correta para as abelhas e novas maneiras de comercializar a produção.

Isto tudo está acontecendo graças a uma parceria entre Associações de Apicultores e o Sebrae em Santa Catarina, que entra com novas tecnologias e orientações para ganhar mercado. O resultado não poderia ser outro: as abelhas estão produzindo mais e os apicultores mais satisfeitos. Com produto de qualidade e em quantidade, agora eles buscam ganhar o mercado e levar a produção de mel catarinense ao topo do ranking.

O Sebrae em Santa Catarina é parceiro dos produtores dos municípios de Curitibanos e Videira, no meio oeste do Estado a 300 quilômetros de Florianópolis, onde são desenvolvidos dois dos quatro projetos de Arranjos Produtivos Locais (APL) no Estado.

Os quase 150 produtores atendidos nesses dois projetos estão começando uma nova etapa nas propriedades. Com incentivo e orientação eles estão olhando a apicultura como um negócio rentável. ?Normalmente os agricultores da região têm outras atividades econômicas na propriedade, como a produção de maçã e a avicultura, e a apicultura fica relegada a um segundo plano. Estamos procurando mostrar a eles que a produção de mel é um negócio lucrativo e que pode se tornar a primeira atividade na propriedade?, explica o consultor do Sebrae da região de Videira, João Alexandre Guze.

Esse é o caso do apicultor Altair Carlos Guzi, de Videira, que produzia mel para consumo familiar, sem conhecimento tecnológico. A partir de 2005, com o incentivo do Sebrae, ele acreditou que poderia agregar valor à propriedade e aumentar a renda familiar. Altair, como os outros 93 apicultores da região, apostaram no tripé gestão empresarial, tecnologias e associativismo para obter um produto com qualidade e conquistar novos mercados. Foram desenvolvidas ações como estudo de mercado, seminários e missões empresariais e o resultado foi o índice de 360 toneladas de mel na temporada.

Os conhecimentos sobre manejo correto, nutrição e, principalmente, a seleção da abelha rainha, importante em todo a cadeia produtiva da colméia, alteraram a rotina de trabalho nas propriedades.

?Eu fazia muita coisa errada. Vivia transportando as caixas de mel de um lado para outro, não alimentava as abelhas no inverno com proteínas e xarope e elas acabavam morrendo. Quando chegava a época de floração tinha que começar tudo de novo?, explica Altair Guzi, que considera o principal ensinamento o manejo da abelha rainha.

?Aprendemos a selecionar e a substituir a abelha rainha a cada dois anos. Antes eu ficava até cinco anos com a mesma rainha e agora estou vendo que fazia errado. Com a substituição, a cada dois anos sei que vou produzir mais?, explica o apicultor.

Altair colheu na safra de novembro a média de oito quilos de mel por colméia, índice ainda considerado baixo. O excesso de chuva entre os meses de setembro e novembro prejudicou a produção, mas o apicultor não desiste tão facilmente.

?Tivemos problemas por causa da chuva, mas acredito que vamos conseguir colher mais na próxima safra, porque estaremos mais preparados. Antes do APL era bem pior, nunca tinha conseguido tirar essa quantia por colméia. Agora começo a ter esperança?, finaliza.

Consultoria

Os apicultores dos 12 municípios da região de Videira têm assistência de um consultor técnico do Sebrae em Santa Catarina. Mensalmente os apicultores se reúnem em um ?dia de campo?, onde aprendem todas as técnicas necessárias para o trabalho correto nos apiários.

?São seis grupos de apicultores em toda a região. Eles passam o dia no campo discutindo as novas técnicas e aprendendo porque cada passo é importante. Essa é a maneira mais fácil deles entenderem e depois aplicarem as tecnologias nos apiários. O técnico depois visita a propriedade para ver se os conhecimentos estão sendo aplicados corretamente e para esclarecer as dúvidas que existirem?, explica o técnico da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e presidente da Cooperativa Apícola de Santa Catarina (Coopasc), Luiz Celso Stefaniak.

A confiança nos resultados positivos é tão grande que os apicultores já estão pensando em novos mercados. É o caso da Coopasc, que está negociando a exportação de 10 toneladas de mel por mês para os Estados Unidos. O primeiro carregamento deve sair neste primeiro semestre de 2006.

?Fizemos uma pesquisa de mercado e vimos que exportar o mel é uma grande solução. Nessa pesquisa aponta para o tipo de embalagem, rótulo e sistema de entrega que os americanos gostam. Nós estamos terceirizando o serviço de embalagem nos entrepostos para que o mel saia embalado e com rótulo do Brasil. Os Estados Unidos consomem muito mel e já fechamos a exportação para esse ano?, explica o presidente da Cooperativa, Luis Stefaniak.(Giovanna Flores)

Serviço – Sebrae em Santa Catarina -(48) 3221-0800.

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