Apesar de apoiar Lula, Presidente da Câmara critica política econômica

O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, assegurou hoje que o PC do B apoiará, "com muito entusiasmo", seja de maneira formal ou informal, a campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, ao participar de um evento na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em Belo Horizonte, Rebelo criticou a atual diretriz econômica e pregou a necessidade de uma reunião de forças políticas, sociais e intelectuais para remover os "entulhos doutrinário, ideológico e político que travam o crescimento do País".

"Acabamos com a inflação, mas ficamos com medo de crescer até hoje", disse o presidente da Câmara. Ao observar que o Brasil tem crescido em "proporções muito abaixo das nossas possibilidades", ele citou países como a Índia, Rússia, China, que apresentam taxas de crescimento "muito mais ousadas". "Podemos ter até problemas diferentes, mas não temos problemas maiores do que esses países".

Os principais "obstáculos" ao crescimento brasileiro, segundo Rebelo, são as altas taxas de juros, a carga tributária muito elevada e problemas na área de infra-estrutura e logística.

Durante o almoço, o presidente da Fiemg, Robson Andrade, reclamou da "utilização distorcida e imperial" de medidas provisórias por parte do governo federal, que causa "prejuízos ao processo de legislar". "A lentidão e a falta de entendimentos no Poder Legislativo, nos últimos anos, têm contribuído, junto com outros fatores, para manter o País em taxas de crescimento econômico medíocres", disse Andrade.

O presidente da Câmara acredita, contudo, que o tema do crescimento não deve ser discutido "sob o foco de disputa partidárias e ideológicas ou eleitorais". "Não devemos tratar isso como problemas somente de governo. Nós deveríamos tratar isso como problema do País, como uma questão nacional".

Rebelo argumentou que o ex-prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), economistas tucanos, do PMDB e do PT, por exemplo, têm opiniões semelhantes sobre a necessidade de o País crescer a taxas mais significativas. E destacou que suas críticas não representam "nenhuma ameaça à sólida aliança" do PC do B com as "forças que sustentam" o governo Lula.

Aliança

Sobre uma aliança formal com o PT na eleição presidencial, ele se esquivou dizendo que a decisão sairá na convenção nacional do partido, marcada para o dia 29. Mas destacou que o PC do B "foi e continua sendo um aliado leal e verdadeiro" do governo e do presidente, para dizer que o partido vai cobrar o apoio dos petistas à candidatura a governador do ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, no Distrito Federal. "Apoiamos o PT na maioria dos Estados. Queremos o apoio para uma candidatura ao governo do Distrito Federal".

Rebelo elogiou o vice-presidente José Alencar, que deverá ser confirmado amanhã como vice na chapa à reeleição de Lula. Ele lembrou que o PC do B não apresentou nenhum nome para a vaga e disse que Alencar – que durante o mandato se notabilizou pelas críticas à política monetária – está à "altura das expectativas do mandato do presidente Lula".

"O vice-presidente José Alencar goza de um elevado respeito dentro do PC do B", comentou. "Não é apenas um grande mineiro, é um grande brasileiro".

Governabilidade – Como se mandasse um recado, na hipótese de um segundo mandato de Lula, o presidente da Câmara alertou que o principal problema da gestão petista foi estabelecer uma sintonia entre o "eixo de poder e o eixo de governabilidade". "Não temos escolha, não temos saída. Nós precisamos unir forças heterogêneas", disse, argumentando que, historicamente, somente dessa forma o Brasil progrediu e realizou transições democráticas.

"Só um partido, só uma corrente política, só uma corrente ideológica, não há essa possibilidade", enfatizou. "Unimos forças heterogêneas até para fazer a Inconfidência aqui em Minas: comerciantes, militares, funcionários públicos, Igreja, poetas, intelectuais…

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