Antônio Lopes ainda prevê longa carreira

Antônio Lopes dos Santos tem 64 anos. Quando jovem, era delegado. Mas não vivia sem o futebol. E um dia teve uma oportunidade de treinar o Olaria, pequeno clube de subúrbio do Rio de Janeiro. Adorou. Logo depois, decidiu deixar a polícia definitivamente de lado e dedicar-se integralmente à carreira de técnico. Comandou vários times grandes do futebol brasileiro, trabalhou no exterior, esteve na seleção (como coordenador técnico, nos tempos de Leão), ganhou vários títulos. Poderia parar. Não pensa nisso e acha até que ainda tem muito o que aprender.

Técnico do Atlético Paranaense, Antônio Lopes está na decisão de uma competição que ganhou em 1998, com o Vasco, primeiro e único título do time carioca na Copa Libertadores da América. E entende que mudou bastante nestes sete anos.

"É, mudei bastante, ganhei mais experiência. Isso é natural, os anos vão passando e você vai se aprimorando. O trabalho no exterior e a passagem pela seleção foram muito importantes, modifiquei minha maneira de trabalhar", admitiu Antônio Lopes.

Modificou em quais aspectos? Antônio Lopes não fala claramente – embora os jogadores digam que hoje ele está mais paciente e bem menos explosivo, apesar de não pensar duas vezes para dar broncas quando acha necessário. Mas considera que, no futebol, muitas coisas são diferentes em relação a 1998. "Hoje, todo mundo sabe o que o outro está fazendo. Tem espionagem, são feitos vídeos. Você precisa ficar atento para não ser surpreendendo. Bobeou e descobrem o que você está fazendo", explicou.

Por isso, Antônio Lopes adota o método de fazer treinos fechados sempre que o Atlético tem partidas decisivas, como as da Libertadores. Enquanto o trabalho está sendo realizado, ninguém entra.

Dessa maneira, e também motivando sempre os jogadores – em toda a preleção ele usa filmes, recortes de jornais, declarações polêmicas de adversários e até palestras -, ele conseguiu recuperar o Atlético. Um trabalho que começou no dia 29 de maio, com uma derrota para o Botafogo por 2 a 0. Naquela época, o time estava mal no Brasileiro (continua na lanterna, aliás) e havia conseguido a classificação para as quartas-de-final da Libertadores às duras penas, vencendo o Cerro Porteño nos pênaltis.

Antônio Lopes, que dias antes havia deixado o rival Coritiba – após perder a decisão do Campeonato Paranaense para o próprio Atlético -, tratou logo de recuperar a auto-estima dos jogadores. E os bons resultados, pelo menos na Libertadores, apareceram.

"Dar confiança aos jogadores é fundamental", contou o treinador, que dentro de campo é considerado conservador pela maneira como arma os seus times. "No futebol, não existe rótulos. O que existe é equilíbrio em uma equipe. É preciso saber como se defender e como atacar. E isso só se consegue com trabalho."

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