ANP terá mais dados para monitorar o mercado de álcool

O Ministério da Agricultura e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), ligada ao Ministério de Minas e Energia, formalizarão um acordo que permitirá a troca de informações mais detalhadas e o monitoramento do mercado varejista de álcool combustível. Pelo acordo, o Ministério da Agricultura repassará à ANP informações sobre a safra de cana-de-açúcar e o destino dado à matéria-prima: produção de açúcar ou de álcool. Caberia à ANP abastecer o ministério com dados sobre destino, estoques e acompanhamento dos preços do álcool nos postos de gasolina.

Fonte do governo disse que a idéia é combater as fraudes e traçar, em parceria, políticas oficiais para o setor. Ao cruzar os dados sobre produção e venda de uma determinada usina, o governo poderá, por exemplo, descobrir vendas ou compras irregulares. A idéia do ministério é receber informações mensais da ANP. "Não haverá intervenção. Só queremos aprofundar a cooperação entre o governo para melhor avaliar o mercado", disse uma fonte oficial.

A troca de dados também permitirá ao governo traçar cenários de oferta e demanda. Se o governo conseguir fazer esse tipo de previsão, ele poderia evitar um desgaste como o que tem vivido desde o começo do ano. Em janeiro, o Ministério da Agricultura fechou um acordo com os usineiros para limitar o preço do álcool nas usinas a R$ 1,05 por litro. Mas o acordo não foi cumprindo e os preços do álcool não pararam de subir, mesmo depois do governo ter reduzido de 25% para 20% a mistura de álcool na gasolina e ter reduzido a zero a tarifa para importação do combustível.

O esmagamento de maior volume de cana para produção de açúcar, commodity que tem hoje preços muito favoráveis no exterior, justifica parte da alta dos preços do álcool no mercado interno. Um sinal de que o mercado externo demanda açúcar é que os Estados Unidos vão oferecer, pela segunda vez na safra 2005/06, um cota extra para que o Brasil exporte demerara (um tipo de açúcar) para o mercado americano.

Os Estados Unidos compram açúcar no mercado externo por meio de cotas, que, no Brasil, são distribuídas entre os usineiros do Norte e Nordeste como forma de desenvolver economicamente a região, conforme previsto em lei federal.

Esse produto é comprado pelos americanos a preço superior ao praticado no mercado internacional. Enquanto a tonelada de açúcar foi vendida em média a US$ 200 no exterior entre janeiro e fevereiro, os americanos pagaram US$ 414 pelo açúcar.

Os furacões que atingiram os Estados Unidos no ano passado destruíram lavouras de cana-de-açúcar e por isso os americanos precisaram importar mais. A cota inicial concedida ao Brasil era de 178.418 toneladas, mas um volume adicional de 42 mil toneladas foi dado ao País. Uma segunda cota extra deve somar 52 138 mil toneladas, volume que deve ser oficializado em breve pelo governo americano ao Brasil. Os lotes precisam ser embarcados até o final de setembro.

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