Aneel alerta sobre recuo no nível de água de reservatórios

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, alertou, após audiência pública na Câmara dos Deputados, que os reservatórios que abastecem as hidrelétricas podem chegar a 2010 com níveis muito baixos. Segundo ele, a tendência é de que essa energia hidrelétrica seja muito demandada nos próximos anos para se evitar eventuais racionamentos de energia.

O uso intensivo das atuais hidrelétricas, de acordo com o diretor-geral da Aneel, se deve a uma combinação de três fatores: às dificuldades sócio-ambientais para a construção de novas usinas, à ausência de estudos de novos projetos nos anos anteriores e à falta de gás natural para as termelétricas.

"O risco de racionamento é algo sempre presente, faz parte do critério de planejamento do setor elétrico brasileiro", disse Kelman, explicando que, como o modelo brasileiro é dependente de usinas hidrelétricas, uma eventual seca deve ser sempre considerada.

Ele assegurou, no entanto, que a probabilidade de racionamento é "muito baixa" nos próximos anos, mas disse que para isso será necessário usar mais do que se deveria o estoque de água dos reservatórios. "Isso nos leva a uma situação paradoxal, em 2010, quando aí sim teremos gás, os reservatórios poderão estar vazios. A probabilidade é baixa, mas não pode ser afastada", afirmou.

Usinas de grande porte

Nesse contexto, Kelman explicou que usinas de grande porte, como as do Complexo do Madeira, adquirem relevância diante da falta de outros projetos. Ele disse que as duas usinas do Madeira, que ainda não têm licença prévia, terão um impacto local reduzido. "São usinas quase a fio d’água", afirmou.

O diretor disse que enquanto essas usinas do Madeira não entrarem em operação o sistema terá que lançar mão de energia produzida por termelétricas movidas a óleo, carvão ou gás, que é mais cara que a energia hidrelétrica. As duas usinas do Madeira terão capacidade de produzir juntas 6.450 megawatts de energia.

Ele alerta para o fato de que a energia produzida por termelétricas contribui para aumentar o aquecimento global. "Ao nos preocuparmos, talvez exageradamente com o impacto local, que é o impacto da construção das usinas hidrelétricas, nós acabamos admitindo que haja impacto global de maior dimensão", afirmou.

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