Ameaça de guerra no Iraque faz o dólar disparar: R$ 3,41

O esvaziamento do mercado de câmbio na segunda etapa de negócios do dia levou o dólar a reduzir a alta que, durante a manhã, chegou ao pico de R$ 3,431.

A moeda encerrou o dia cotada a R$ 3,41 para venda e R$ 3,405 para compra, uma alta de 0,88% alimentada pelo agravamento das tensões entre EUA e Iraque – terceiro maior fechamento no ano, perdendo apenas para os dois da semana da transição presidencial.

Com o mercado norte-americano fechado em razão do Dia de Martin Luther King, não há cálculo do risco-país hoje, feito com base nos títulos da dívida negociados principalmente nos EUA.

Segundo analistas, o dólar vinha caindo principalmente com a expectativa de entrada de cerca de US$ 1,2 bilhão captado por bancos e empresas brasileiras no exterior, que levou muita gente a vender dólares antevendo uma baixa maior da cotação.

Entretanto, isso ainda não aconteceu. Além disso, com a expectativa de uma guerra entre EUA e Iraque cada vez mais iminente, o movimento se reverteu: quem tem dólares deixou de vendê-los, apostando que a cotação vai subir no caso de um conflito armado na maior região exportadora de petróleo do mundo, o Golfo Pérsico, onde está localizado o Iraque.

“Acho que a tendência agora é o dólar abrir forte [em alta] também amanhã”, afirmou Mario Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação.

Inflação e dívida
Pela manhã, no momento de maior concentração de negócios, outros fatores contribuíram para o nervosismo do mercado.

A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo) informou que o Índice de Preços ao Consumidor na região metropolitana de São Paulo interrompeu a sequência de quedas e fechou a 1,79% na segunda quadrissemana de janeiro.

Com isso, fica mais distante a possibilidade de o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) reduzir a taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 25% ao ano.

Embora a aposta generalizada para a reunião de amanhã do comitê seja de manutenção ou leve aumento, havia alguma expectativa de que o comitê apontasse para um futuro corte, já que a taxa subiu para inibir o consumo e o aumento de preços diante da escalada inflacionária.

Também pesou sobre a cotação, na primeira etapa de negócios, a imposição de um limite para a rolagem de dívidas em contratos cambiais, para equipará-los às operações com títulos cambiais. Seguindo esse limite, o BC passará a renovar uma fatia um pouco menor de dívidas em contratos cambiais com prazo superior a um semestre.

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