Alunos municipais participam de campeonato mundial de robótica

Alunos de três escolas municipais de Curitiba estão se preparando para uma importante missão. Em setembro, eles vão a São Paulo participar da etapa nacional do "First Lego League", campeonato de robótica que reunirá mais de 200 equipes de escolas públicas e privadas. Os vencedores da etapa nacional irão aos Estados Unidos, para a etapa final, em janeiro do próximo ano.

O objetivo da competição é fazer com que meninos e meninas desenvolvam projetos capazes de oferecer acesso e oportunidades para as pessoas com diferentes níveis de habilidade física.

Para atingir bons resultados, os alunos deverão utilizar peças de encaixar da Lego para construir e programar um robô capaz de auxiliar pessoas com necessidades especiais a realizarem as tarefas dos dia-a-dia, como arrastar móveis, movimentar objetos e subir escadas.

A Escola Municipal Albert Schweizer, na CIC, é uma das inscritas. Quatorze alunos da 8ª série, divididos em duas equipes estão se preparando há dois meses para enfrentar os adversários.

O campeonato se divide em duas etapas. Na primeira delas, os alunos desenvolveram uma pesquisa sobre as necessidades e dificuldades enfrentadas por pessoas com necessidades especiais. As crianças saíram às ruas, visitaram casas da comunidade, ouviram e observaram as pessoas.

"A pesquisa exigiu muita atenção porque foi o ponto de partida para o nosso trabalho", disse o aluno Ítalo Fernandes de Lima, integrante da equipe "Todos Iguais". Ítalo ajudou a equipe a conhecer melhor a realidade de quem precisa buscar soluções inovadoras para as tarefas que as outras pessoas desenvolvem com facilidade.

O garoto, de 15 anos, tem sido fundamental no desenvolvimento do projeto da equipe que participa. Há quatro anos, Ítalo sofreu um acidente, perdeu as pernas e precisou se adaptar a uma nova rotina. Substituiu a cadeira de rodas por um skate e é com a ajuda dele que se movimenta dentro e fora da escola. "A maior dificuldade para quem tem uma deficiência física é suportar o preconceito das pessoas", conta o aluno.

Entrevistas


Com a supervisão da professora Gisele Pachulski, os alunos percorreram as casas próximas da escola para entrevistar as pessoas. O resultado confirmou o parecer do colega Ítalo. Das 200 pessoas ouvidas, 198 afirmaram ser o preconceito a maior dificuldade enfrentada pelas pessoas com necessidades especiais. "Queremos apenas o respeito das pessoas e que ela nos enxerguem como pessoas capazes", declarou Ítalo.

O levantamento servirá para que equipes desenvolvam campanhas de conscientização, peças teatrais e palestras sobre o tema. Toda a ação será gravada e transformada em vídeo pela equipe da TV Professor. O resultado será apresentado durante a competição em São Paulo.

A segunda etapa da competição, a que acontece em São Paulo, é mais complexa. Os alunos precisaram montar um robô e programá-lo para que ele realize, da forma mais fácil possível, nove funções que incluem o movimento de objetos, subir em escadas e remover obstáculos.

O grau de dificuldade das tarefas não assusta os alunos. Eles se reúnem na escola, em horários contrários aos estudos para treinar cada uma das etapas. A orientação é da professora Gisele. "O desafio vai além dos resultados alcançados no campeonato", conta satisfeita a professora

Segundo ela, ao montarem as peças, os alunos estão desenvolvendo novas formas de aprendizagem. "Eles exploram conceitos da física e da matemática. A relação de tempo, ângulos, cálculos matemáticos e até as questões relacionadas ao português são amplamente estimulados", comemora a professora.

A expectativa do aluno Elton John Moreira da Silva é de que a escola voltará de São Paulo classificada para a etapa final. "Nossas equipes tem um nível muito bom, todos estão se esforçando, colaborando com idéias e cheios de confiança para apresentar os avanços que conseguimos na escola", disse Elton John.

Além das duas equipes da Escola Municipal Albert Schweizer, as escolas municipais Omar Sabbag, na Vilas Oficinas e São Miguel, no Santa Helena, também participarão do campeonato. No ano passado, quatro equipes de Curitiba participaram da etapa nacional. As crianças executaram missões propostas no concurso que contou com a participação de 34 equipes dos estados do Paraná, São Paulo, Alagoas e Bahia.

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