Alimentos in natura no varejo favorecem queda do IGP-M

A queda intensa dos preços dos alimentos in natura no varejo levou à deflação de 0,03% na segunda prévia de maio do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

De acordo com ele, o cenário de queda e desaceleração de preços no setor de alimentação no varejo derrubou a taxa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que passou de 0,34% para 0,13%, da segunda prévia de abril para igual prévia em maio.

"Dessa vez, a queda na segunda prévia é explicada pelo IPC e não pelo Índice de Preços por Atacado (IPA)", considerou o economista, lembrando que o IPA, por ter maior peso na formação do IGP-M, quase sempre era o principal responsável pela movimentação na taxa do indicador.

Na passagem da segunda prévia de abril para igual prévia em maio a taxa do IPA passou de -0,21% para -0,16%. Ou seja: o indicador do atacado contribuiu para "segurar" a queda na segunda prévia do IGP-M de maio, que poderia ter sido mais intensa se o indicador do atacado estivesse em desaceleração.

O setor de alimentação no varejo foi a única classe de despesa entre as sete pesquisadas a registrar queda ou desaceleração, no âmbito do IPC.

Todos os outros grupos registraram aceleração de preços. Entre os alimentos, os destaques ficaram com as quedas em hortaliças e legumes (de 2,72% para -6,83%); e frutas (de 1,43% para -2,87%). "Mais de 90% da desaceleração de preços do grupo alimentação foi originada por hortaliças e legumes", disse o economista.

Quadros informou, no entanto, que outros alimentos que não são relacionados ao setor in natura também estão em queda ou em desaceleração no varejo. É o caso de panificados e biscoitos (de 0,30% para 0,16%); carnes suínas (de -0,23% para -0,98%); e pescados frescos (de 0,20% para -0,76%).

Ainda de acordo com Quadros, no atacado, os alimentos in natura também estão em queda (-2,63%). Esse comportamento dos preços dos alimentos, aliado à desaceleração dos preços dos combustíveis e lubrificantes (de 1,48% para 0,71%), ajudou a manter o IPA em taxa negativa.

"Mesmo que o IPA não tenha contribuído para a desaceleração do IGP-M, dificilmente este seria negativo se o indicador do atacado não continuasse em deflação, como aconteceu", afirmou.

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