Aliança com PMDB garante a Lula maioria no Congresso

O PMDB foi aliado formal do PSDB na candidatura do presidenciável José Serra, mas agora é o primeiro partido que saiu das urnas direto para a oposição, com chances concretas de aderir ao governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Uma aliança do PT com o PMDB garantirá maioria na Câmara e no Senado para o futuro governo: 294 deputados e 49 senadores.

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), já iniciou consultas internas para decidir se o partido participa ou não do governo. Logo depois do encontro de ontem com o presidente do PT, José Dirceu (SP), e o futuro presidente petista, deputado José Genoíno (SP), Temer conversou com os cinco governadores eleitos do partido. O governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, foi o único enfaticamente contrário à aliança com o governo Lula. O PT é seu adversário ferrenho no Estado.

O governador eleito do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, é outro que tem dificuldades com o PT no Estado. Mas, ao contrário de Jarbas, não deverá pôr muitos empecilhos a esta aliança. Hoje, o governador reeleito do Distrito Federal, Joaquim Roriz, que também tem no PT seu mais ferrenho adversário na política local, avisou que concorda com o apoio ao futuro governo. “É preciso dar maior governabilidade para o presidente eleito e o PMDB tem presença expressiva no Congresso e quadros que podem ajudar”, argumentou. Roriz é um dos governadores com os quais Lula se recusa a conversar.

Michel Temer também vai ouvir as bancadas na Câmara e no Senado sobre a adesão do partido ao futuro governo. Provavelmente, o PMDB formalizará sua adesão ao governo Lula nesta sexta-feira, mesmo dia em que o futuro presidente deverá anunciar o seu ministério. Hoje, o PT já conta com os apoios do PTB, PDT, PPS, PSB, PV, PC do B, PL e PMN.

Juntos, estes partidos somam 220 deputados e 29 senadores. A adesão do PMDB representa mais 74 deputados e 20 senadores. O que não significa necessariamente que Lula terá todos os votos dos peemedebistas: o PMDB é um partido dividido, com facções que brigam internamente.

O primeiro passo para tentar atrair o PMDB para o governo Lula foi dado logo depois do segundo turno das eleições. Na primeira semana de novembro, a cúpula do PMDB se reuniu com a direção do PT para fechar um acordo na indicação dos futuros presidente da Câmara e do Senado. Ficou acertado que a presidência da Câmara ficará com o PT, que será o maior partido da Casa com 91 deputados, e a Senado com o PMDB.

O PMDB não consegue, no entanto, chegar a um acordo sobre a presidência do Senado. O ex-presidente e senador José Sarney (AP) quer presidir a Casa. Mas o senador Renan Calheiros (AL), ligado à cúpula do partido, também reivindica o cargo.

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