Ainda não há interesse pelo Brasil depois da nota da Fitch

Nenhuma empresa declarou ainda interesse em investir no Brasil depois que o país recebeu de mais uma agência internacional de risco, a Fitch, a nota de grau de investimento. Antes, a agência Standard & Poor’s já havia concedido o título ao Brasil. A informação de que ainda não há investidor novo, o que seria natural depois da concessão da nota, foi dada nesta terça-feira (3), pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

Bernardo ressaltou que esse interesse é uma questão de tempo. Já há um apetite enorme dos investidores estrangeiros. Essa conjuntura nova pode levar, no momento em que a crise internacional se amainar, os investidores a se estapearem para investir no Brasil, porque nós temos condições extraordinárias, disse.

Segundo ele, as empresas brasileiras têm apresentado altos índices de lucro, o que pode ser observado em poucos países. Não é a toa que fomos o quinto maior mercado de capitais no ano passado. Isso é absolutamente assombroso se olharmos em termos de retrospectiva nos últimos 15 anos, porque ninguém achava que isso ia acontecer, observou.

Na avaliação do ministro, o grau de investimento reforçará a tendência do aumento de investidores estrangeiros no país. Ele preferiu não fazer previsões sobre como ficará a política cambial quando o número de investidores começar a crescer, ao mesmo tempo em que o governo envia recursos para o Fundo Soberano, mas ressaltou que o governo não tem intenção de mexer na política cambial.

Paulo Bernardo, no entanto, admitiu que, se houver condições de fazer ajustes pontuais, isso pode ser feito. Mas isso significa medidas consistentes, que se saiba o efeito que vai causar, o custo, o que significa, alguém tem que sugerir. Eu não tenho nenhuma idéia. O que não queremos, não vamos e não temos condição de mudar é a política de câmbio flutuante, afirmou.

O ministro reconheceu que a valorização do real é um problema, mas disse que, por outro lado, muitas empresas tiveram seus produtos que são exportados valorizados e estão ganhando em competitividade. Nós temos adotado medidas para ajudar a melhorar essa competitividade. É isso que temos que fazer, investir em melhorar o ambiente de negócios no país, em dar condições de previsibilidade para as empresas se planejarem, reduzir carga tributária, burocracia, relatou.

Sobre o uso do recurso de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) que deve ser destinado formação do Fundo Soberano, para o pagamento de dívidas internas, Bernardo enfatizou que o governo sempre debateu essa questão com a preocupação de definir qual o nível adequado de superávit para o pagamento de dívidas e, assim atingir os objetivos definidos. O principal objetivo é que colocamos para 2010 a expectativa de zerar o nosso déficit nominal que hoje está na faixa de pouco mais de 1% do PIB. Esse nível de superávit que estamos fazendo é suficiente para chegarmos em 2010 com déficit praticamente zerado, garantiu.

Ele enfatizou que a criação do Fundo Soberano foi uma decisão de governo e, mesmo que os recursos não sejam usados num primeiro momento, o fundo diminuirá a dívida líquida. Paulo Bernardo disse ainda que, por uma questão de transparência, o governo está deixando claro que tem a intenção de fazer financiamentos com esse fundo num período próximo.

Basicamente, o fundo visa a financiar o esforço de ampliar a presença externa das nossas empresas, mas do ponto de vista contábil, enquanto não for usado, nós vamos diminuir [a dívida], afirmou. Bernardo salientou que o recurso deve ser gasto quando as finanças do país estiverem melhores do que atualmente e, por isso, a decisão de criar o fundo é responsável. O ministro concedeu entrevista coletiva sobre o assunto depois de partir da cerimônia de entrega do 8º Prêmio Destaque Agência Estado/Empresas, em São Paulo.

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