Advogados tentam habeas corpus em favor de Rainha

Advogados da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos devem entrar amanhã com pedido de habeas corpus no Tribunal Federal de Recursos, em São Paulo, na tentativa de libertar o líder dissidente do Movimento dos Sem-Terra (MST), José Rainha Júnior. Acusado, entre outros crimes, de desvio de verbas da reforma agrária, Rainha foi preso ontem na Operação Desfalque da Polícia Federal (PF). Hoje, o líder sem-terra foi transferido para a cadeia pública de Presidente Venceslau, no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado.

De acordo com o advogado Aton Fon Filho, a prisão temporária do líder não se justifica, pois não era imprescindível para as investigações. “Assim fosse, o superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) não teria sido ouvido e liberado em seguida.” Raimundo Pires da Silva foi conduzido de forma coercitiva para a sede da Polícia Federal em São Paulo para prestar depoimento.

O advogado disse que o habeas corpus deve ser apreciado de forma imediata pelo desembargador que estiver no plantão judiciário do fim de semana. Caso seja concedida, além de José Rainha, a medida vai beneficiar outras pessoas que foram presas na ação, entre elas o irmão do líder e também advogado Roberto Rainha.

Cumprem ainda prisão temporária Claudemir Silva Novaes e Priscila Carvalho Viotti, ligados à superintendência do Incra em São Paulo; Edvaldo da Silva, Nivaldo dos Santos Júnior, Valdemir Santana, Rosalina Rodrigues, Cristina da Silva e Cássia Maria Alves dos Santos, integrantes do grupo de Rainha. Lideranças de acampamentos e assentamentos do grupo se reuniram em Presidente Epitácio para discutir uma mobilização em favor dos colegas presos. A maioria decidiu esperar a decisão da Justiça sobre o pedido de habeas corpus.

Antes de uma possível saída do superintendente do Incra em São Paulo, um dos alvos da Operação Desfalque, políticos do PT no interior já articulavam sua substituição.

Ontem, o vereador petista Toninho Kalunga, de Cotia, distribuiu uma carta de apoio ao nome de Wellington Monteiro Diniz para o posto, assinada também pelo arcebispo de Botucatu, d. Maurício Grotto de Camargo. Segundo ele, o indicado tem apoio das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Igreja Católica, da Central Única dos Trabalhadores e do MST. “Temos consciência de que não se trata de uma disputa política a indicação do Wellington, mas porque ele tem o perfil de quem vem das bases”, justificou o vereador.