Advogado nega ter entregado gravações ao PCC

O advogado Sérgio Wesley Cunha negou ter participado do vazamento do depoimento secreto do diretor do Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado de São Paulo (Deic), Godofredo Bittencourt, e do delegado Rui Ferraz, à CPI do Tráfego de Armas. Cunha e a advogada Maria Cristina de Souza Machado são acusados de ter comprado a gravação das declarações de Vinícius da Silva, funcionário terceirizado da Câmara, por R$ 200 e de tê-las entregado ao líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Camacho, o Marcola. Para Cunha, o fato surgiu "para desviar o foco da falta de segurança que impera em São Paulo"

"Me pegaram de bode expiatório para fins eleitoreiros. Você acha que uma informação dessa magnitude seria vendida por apenas R$ 200?", ironizou. "Não sou advogado do PCC, nem do PT, nem do PSDB, e nem de qualquer facção criminosa. Fui a Brasília para acompanhar o depoimento do meu cliente Leandro Lima de Carvalho" explicou o advogado. Carvalho depôs na CPI porque foi preso no início de maio com armamentos de guerra que seria supostamente usado para tentar resgatar Marcola da prisão

O advogado disse que solicitou ao secretário da CPI – de cujo nome não recorda – uma cópia do áudio do depoimento de seu cliente, para que isso fosse acrescentado aos autos da defesa de Leandro Lima de Carvalho. Apesar de Carvalho ser acusado por policiais do Deic de integrar da facção criminosa, Cunha disse aos repórteres que seu cliente não está envolvido com o PCC. Maria Cristina de Souza Machado, que defende Marcola, também quis uma cópia do material, que a ajudaria no caso

Após receber a gravação do depoimento de seu cliente, sem ter tido que pagar por isso, Cunha teria seguido direto para o aeroporto de Brasília para retornar a São Paulo. Segundo ele, a advogada continuou com o funcionário terceirizado da Câmara numa loja especializada, onde faziam as cópias. Indagado sobre eventual pagamento pelo material, ele disse que a advogada pagou o material, mas em seguida negou, disse que se confundiu, e não sabia se ela havia pago algo a Vinícius ou não. "Eu não paguei nada a Vinícius e não sei se a advogada o fez.

Wesley disse que viajou para São Paulo juntamente com o diretor do Deic, Godofredo Bittencourt, mas eles não teriam conversado a respeito do depoimento. "Minha indignação é que nunca fui advogado do PCC. Toda essa história está mal contada. Só fiquei sabendo deste fato ontem à tarde, pela televisão, quando estava no Fórum da Barra Funda", disse. "Sou advogado iniciante e vocês jamais iriam me entrevistar se eu não tivesse ido àquela bendita CPI, no dia em que meu cliente depôs.

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