Advogado dá depoimento divergente sobre provas da CPI dos Bingos

Após se identificar na CPI dos Bingos como sendo "um advogado muito esforçado e muito estudioso", Hélcio Cambraia deu um depoimento tão divergente em relação às provas em poder da comissão, que foi chamado de "mentiroso" pelos senadores. Ele atribuiu à "coincidência" o fato de ter recebido R$ 512 mil, em três parcelas, da MMS Consultoria, em datas seguidas aos depósitos de R$ 5 milhões que esse escritório de advocacia, pertencente a Walter Santos Neto, recebeu da multinacional Gtech. O relator da CPI, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), lembrou que o escritório, instalado em Belo Horizonte, é suspeito de ter feito a intermediação da extorsão de R$ 5 milhões supostamente pagos pela multinacional na renovação do contrato das loterias com a Caixa Econômica Federal (CEF). Élcio disse que foi ele quem apresentou o advogado da Gtech, Enrico Gianelli, a Walter Santos.

Quando depôs na CPI, Walter Neto alegou que o recebimento dos R$ 5 milhões era pagamento pela entrada de uma ação cautelar no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Cambraia disse que não quis pegar a ação porque não tinha experiência nessa área. Ele disse recebeu de Walter dinheiro a título de empréstimo e os que eram devido pelo seu trabalho em processos de interesse do escritório.

A CPI investiga qual grupo ligado ao governo levou a propina. O diretor da empresa, Marcelo Rovai, disse que o ex-assessor do ministro Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto, Rogério Buratti, pediu R$ 6 milhões para intermediar a renovação do contrato. O presidente da comissão, Efraim Morais (PFL-PB), acredita que, além de Buratti, havia outro grupo disputando a propina, ligado ao então ministro chefe da Casa Civilo, deputado José Dirceu (PT-SP). De acordo com o senador José Jorge (PFL-PE), os depósitos na conta de Cambraia foram de R$ 100 mil, um dia depois de a Gtech ter depositado R$ 985 mil para MMS, em outubro de 2002; de R$ 212,5 mil, quando o escritório recebeu R$1,9 milhão e de R$ 200 mil, no mês em que a MMS recebeu R$ 1,6 da multinacional. "O senhor da arriscando a ser preso, não está dizendo a verdade", advertiu José Jorge. O senador Magno Malta (PL-ES) pediu uma acareação de Cambraia com Walter Neto e com Enrico Gianelli.

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