Acusado de chefiar tráfico de drogas na Baixada Fluminense depõe em CPI da Câmara

O empresário Ronaldo Duarte Barsotti, conhecido como Naldinho, afirmou hoje, em depoimento à comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga o tráfico de armas, que desconhece "essa estória de armas". Acusado de liderar o tráfico de drogas na Baixada Santista (SP), Naldinho foi preso na mesma operação policial em que foi detido o filho de Pelé, Edson Cholbi Nascimento, Edinho.

Naldinho afirmou aos deputados que não sabia por que estava sendo chamado à comissão. "A polícia queria me extorquir, por isso, estou aqui. Se eu tivesse feito o jogo deles, eu não estaria aqui. E esse negócio de tráfico de armas, é só perguntar para a polícia que fica mais fácil. Eles sabem muito bem como é que faz", disse Naldinho.

O empresário ressaltou que Edinho não tem envolvimento com nenhum tipo de crime. "O Edinho é uma pessoa do bem, que não tem envolvimento com o crime organizado, com o tráfico de drogas", afirmou Naldinho.

O delegado Alexandre Gargano Cavalheiro, que está investigando o tráfico de drogas na Baixada Santista e também prestou esclarecimentos na CPI, entretanto, contestou as declarações de Naldinho. "De maneira nenhuma, a polícia efetuaria a prisão de uma pessoa que daria uma repercussão tamanha, se não tivesse um embasamento que o vinculasse à quadrilha. Eu não digo que ele (Edinho) pertencia ao tráfico, ou que trabalhasse operacionalmente em qualquer uma dessas coisas, mas ele foi preso pela associação ao tráfico", explicou Alexandre.

Segundo o delegado, Edinho auxiliava Naldinho na lavagem de dinheiro. Alexandre Cavaleiro lembrou que a polícia interceptou ligações que mostram que Naldinho chefiava o tráfico de drogas na Baixada Santista.

O relator da CPI, Paulo Pimenta (PT-RS), considerou o depoimento de Naldinho importante. "Num primeiro momento, ele tentou agir com um certo cinismo, deboche. Mas somos parlamentares experientes, sabemos com quem estamos lidando, e as informações que nós queremos, vamos obter. Não tínhamos a pretensão de achar que o Naldinho viria aqui para nos contar como opera todo o esquema de tráfico de armas na Baixada Santista e suas conexões com o Rio de Janeiro. Mas é necessário o depoimento dele, até para que, comprovadamente, ele caia em contradições, minta para CPI, e isso possa ser utilizado como prova contra ele", acrescentou o deputado.

Pimenta explicou que, normalmente, os crimes de tráfico de drogas, de armas e lavagem de dinheiro estão relacionados. "Esse caso do Naldinho é muito claro com relação a isso. Ele disse que tem lojas de revenda de automóveis usados ? típicas formas de lavagem de dinheiro, assim como compra e venda de sucata", disse. "Foi apreendida uma grande quantidade de armas com as pessoas presas da quadrilha do Naldinho: muitas armas, muitas munições, armamento pesado. Queremos compreender a forma como essas armas chegam até a Baixada Santista", concluiu.

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