Acordo entre EUA e Uruguai é pedra para o Mercosul

O Acordo Marco de Comércio e Investimentos (TIFA, pela sigla em inglês) assinado por Uruguai e Estados Unidos, cria uma interrogação sobre o futuro do Mercosul. A principal delas é se o TIFA é o primeiro passo rumo ao Tratado de Livre Comércio (TLC) e, como conseqüência, a saída do Uruguai do bloco regional.

A primeira resposta dos analistas internacionais é de que, segundo o acordo assinado por ambos os governos, o TIFA é um prelúdio do TLC. Existem, porém, muitas pedras no caminho do presidente Tabaré Vázquez para conseguir chegar a um acordo mais amplo com os americanos.

Vázquez enfrenta uma dura oposição dentro da aliança de centro-esquerda que o elegeu, Frente Amplio. Um setor do Frente Amplio é radicalmente contrário ao livre comércio com os Estados Unidos. No entanto, a oposição maior é dos próprios americanos.

Segundo o analista internacional Jorge Castro, diretor do Instituto de Estratégias da Argentina, os democratas, ganhadores das eleições nos EUA, são contrários a esses tipos de acordos. ?Mudaram as condições nos Estados Unidos para aprovar os TLCs e Bush (presidente George W. Bush) está com dificuldades para aprovar os TLCs negociados com Colômbia, Peru e Panamá?, explicou.

Ele acredita que ?dificilmente esses TLCs serão aprovados? antes de junho, quando vencerá o chamado Trade Promotion Authority (mandato para negociar os TLC sem passar pelo Congresso). O analista acredita que Bush está muito debilitado para conseguir um novo TPA depois dessa data. ?Não creio que Bush possa conseguir aprovar nenhum desses acordos nos próximos dois anos, e não aprovará um suposto TLC com Uruguai?, destacou Castro.

Eixo difícil

Para os analistas, a maior ameaça contra o Mercosul não vem do acordo entre o Uruguai e os Estados Unidos, mas sim da aliança entre Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa, presidentes da Venezuela, Bolívia e Equador, respectivamente, como aponta o presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira, Jorge Rodríguez Aparicio.

?Chávez usa o Mercosul como um foro de discussão política de sua ideologia, do que quer para o mundo; e atrás dele vem Morales e Correa. Ele tem um objetivo político que não acredito que seja o melhor para o Mercosul?, afirmou.

Jorge Castro também concorda em que a aliança Caracas-La Paz-Quito pode provocar ?estragos? no Mercosul, mas acrescenta que o conflito entre o Uruguai e a Argentina representa um risco importante para o bloco regional. ?O conflito das fábricas de celulose já está durando muito tempo sem qualquer interferência do bloco, como se fosse algo alheio à região.

Nem Chávez nem Lula têm feito nenhuma aproximação de Kirchner e Vázquez. Toda a ausência do Mercosul nesse conflito demonstra uma debilidade do bloco?, observou.

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