Acordo de caciques

Uma reunião da Executiva Nacional, na segunda-feira, desarmou a tese da candidatura própria do PMDB à Presidência da República, assim como aboliu a convenção nacional agendada para o dia 22 desse mês. Sem candidato próprio o encontro nacional do partido tornou-se desnecessário, dando-se então preferência a acordos informais nos estados para garantir a eleição de, no mínimo, 15 governadores.

À luz do posicionamento, o PMDB poderá concretizar o apoio à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 16 estados, alguns acham que o número pode chegar a 21, embora tal disposição não signifique que o partido tenha necessariamente candidatos em todos eles. Se obstáculos locais – e há muitos – tornarem impossível ao PMDB eleger o governador, o partido estará engajado na campanha do candidato do Partido dos Trabalhadores.

O mapeamento em questão será feito nas próximas horas, se já não o foi, pelo presidente da República e os senadores José Sarney e Renan Calheiros, caciques da ala governista do PMDB, plenamente vitoriosos na tarefa de levar o partido a engrossar a coligação petista sob o cocar da informalidade, abrindo mão da indicação do candidato a vice-presidente em troca da liberdade de escolha dos palanques estaduais.

Já pipocam aqui e ali comitês suprapartidários para trabalhar pela reeleição de Lula, instalados por militantes peemedebistas fiéis aos governantes, como é o caso do Paraná, não se descartando a hipótese de igual contrapartida à campanha de Geraldo Alckmin. Aliás, a fórmula praticada por Sarney e Renan e seus comandados sempre se subordinou à verdade elementar que política é uma barganha entre partidos e governo. O partido vota a favor no Congresso e o governo retribui com nomeações a mancheias nos ministérios e estatais.

Os números das últimas pesquisas de intenção de votos, unânimes em apontar a sólida vantagem de Lula sobre Alckmin, fornecem aos governistas do PMDB um precioso argumento a favor da liberação dos acordos informais. Nos estados onde Lula é imbatível o acordo será com o PT, ao passo que nos demais a vereda da sobrevida é o palanque tucano.

Em Mato Grosso do Sul, Acre, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Pernambuco e Distrito Federal, comenta-se que não há a menor chance de acordo formal entre PMDB e PT, tendo em vista as quizilas localizadas. Mas, como se diz em Minas Gerais, resultado de urna eleitoral e mineração só abrindo para ver.

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