Acordo amigável na questão das salvaguardas é possível, diz secretário

O secretário-executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, Renato Amorim, disse que acredita em um acordo amigável entre os dois países na questão das salvaguardas à importação de produtos chineses. Em entrevista à Agência Brasil, ele o total dos setores brasileiros que enfrentam problemas comerciais, e nos quais há preocupação com o aumento das exportações chinesas, representa menos de 5% do volume exportado pela China para o Brasil.

De acordo com Amorim, a China encontra no Brasil destino para apenas 0,4% das suas exportações. "Estamos falando de um valor muito pequeno para a China e para o Brasil também, de maneira que não vale a pena para a China entrar numa trajetória de atrito com o Brasil, porque o custo político seria muito maior do que a dimensão comercial de que estamos falando. Portanto, penso sim que agora, com um certo endurecimento do governo brasileiro, se possa conversar novamente com o governo chinês e chegar a entendimento", disse o secretário.

Para Amorim, as negociações vão evoluir para chegar a um acordo mais adiante. "Eu creio que sim. É o que parece razoável a essa altura", afirmou.

Renato Amorim disse que, para o Conselho Empresarial Brasil-China, a regulamentação de salvaguardas pelo governo brasileiro é "um gesto que já estava previsto desde que as negociações com a China não levassem a nenhum resultado imediato". E, de fato, "não levaram, embora os governos do Brasil e da China não descartem a possibilidade de continuar conversando a respeito", acrescentou o secretário do conselho. Ele ressaltou que a salvaguarda é um direito assegurado ao país pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Como o Brasil não tinha ainda regulamentado a medida nos quatro anos em que a China faz parte da OMC, a opção foi primeiro negociar com os chineses, explicou Amorim. Diplomata de carreira licenciado, ele chefiou o setor econômico na embaixada brasileira em Pequim de 2001 a 2003. "Agora, vem a regra das salvaguardas", afirmou. Entretanto, disse ele, a expectativa é chegar a uma limitação das exportações da China para o Brasil que seja benéfica para os dois países e que não necessite da aplicação de salvaguardas. "Se houver novas negociações entre os dois governos, elas irão, necessariamente, nesse sentido", destacou.

O Conselho Empresarial Brasil-China foi criado em maio do ano passado, durante visita do presidente Lula a Pequim, e reúne atualmente 80 empresas dos dois países.

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