A Revolução Francesa do Século XXI

Adolfo Rosevics Filho

O mundo assustado assiste ao mais novo caos da humanidade, em específico na França, que se alastra como rastilho de pólvora acesa, distúrbios de toda a ordem e gênero, a ponto de o governo francês decretar estado de emergência, e não tardará em decretar a lei marcial, para conter grupos de jovens, sem ideologia, que promovem incêndios e destruições em prédios públicos e privados, e como alcatéias eficientes, desaparecem na mesma velocidade que praticam verdadeiros atos de vandalismos, não deixando vestígios, a não ser da destruição de fumegantes prédios e veículos.

A Europa acompanha atenta e apreensiva esta violência, receosa que assim como os mais variados vírus, possa se alastrar e transpor suas frágeis fronteiras, chegando ao coração das grandes metrópoles. É evidente que a causa não está no fato de dois jovens negros, imigrantes africanos, moradores da periferia de uma das cidades do interior da França, que ao fugirem de uma suposta perseguição policial, teriam morrido eletrocutados ao esbarrarem em transformadores de alta tensão, que tenha motivado os mais humildes a se insurgirem contra tudo e contra todos, numa espécie de vingança contra a opressão e a discriminação, a problemática é muito mais profunda.

Devemos aqui analisar a revolução francesa no século XVIII, que eclodiu tendo como combustível principal à crise econômica (péssimas colheitas, alto custo de vida, desemprego), porém o foco da revolta estava no Estado, que tinha na figura do rei, Luiz XVI, um tirano, que conduzia o país com mãos de ferro, não se importando com pobres nem burgueses, e se atinha a extorquir dinheiro do povo, em forma de tributos. Chegasse à conclusão que o mau, fora o próprio Estado, ou aquele que o representava, o que de certa forma não difere da crise atual. Também é de considerar que boa parte das crises e conseqüentes revoluções que ocorreram no mundo no percurso da humanidade, está atrelada a fatores econômicos.

Esta não é diferente, porém o alvo das manifestações é outro, além do próprio Estado. Hoje a crise que apenas, e tão-somente apenas inicia, está na luta entre pobres contra ricos. Seu combustível é a discriminação, e a exclusão social, racial ou na nacionalidade de imigrantes. O encrudelecimento do Estado, só resultará no agigantamento da violência, que se espalhará por todo o planeta, e atingira a todas as nações, independente de serem do primeiro mundo, em desenvolvimento ou subdesenvolvidas. Crises como esta, acabam gerando campo fértil ao surgimento de tiranos oportunistas e populistas, como Hugo Cháves, Fidel Castro ou demagogos como Lula, que à frente dos clamores dos menos oportunizados, alimentaram a ira de pobres contra ricos. Porém, escondem que seus regimes totalitários serão modelos mais perversos e corruptos que os democráticos. Um bom exemplo foi Saddam Russeim, que deposto por questões controversas pelo governo norte-americano, ficou demonstrado que em seus atos, não existiram gestos de benevolência e sim de pura barbárie e acúmulo de riqueza, como armas banhadas com ouro e montanhas de dinheiro escondido, sem contar com os faraônicos palácios e carros luxuosos. Não seria de estranhar, que tiranos como Fidel Castro, no poder há mais de trinta anos, não tivesse acumulado montanhas de dinheiro, chegando a colocá-lo em caixas, haja vista a miséria em que vive o povo cubano.

O ponto central sempre será o mesmo: oportunidade. Leia-se aqui emprego, e os frutos dele: o dinheiro. E o dinheiro não deve ser um fim nele mesmo, e sim um meio.

Caminhando no sentido dos avanços significativos exigidos pela sociedade moderna, o Estado e aquele que o conduz, devem estar atentos aos anseios e criar mecanismos que agilizem o bem-estar comum, diminuindo as desigualdades socioeconômicas, criando oportunidades aos jovens como acesso ao trabalho, estudo, saúde e lazer, readequando e ampliando sua própria maquina pública, já que o Estado é o maior tomador de mão-de-obra existente em qualquer país. Diminuir a carga tributária é uma boa solução para amenizar a pressão inflacionária causada pelas tarifas públicas. Mecanismos que auxiliem as empresas privadas a se modernizarem e crescerem, também ajudam a dissipar a crise, já que o empresário motivado gerará empregos e renda, resultando em melhora na arrecadação de impostos e bem-estar social. Empresários devem estar dispostos a colaborar, diminuindo sua voracidade no aumento de capital e, portanto, acúmulo de riqueza, fazendo com que suas margens de lucros estejam em patamares mais aceitáveis.

Se nada for feito nesste sentido, os fatos se repetirão  e não serão diferentes dos apontados nos livros de história, muitas pessoas mortas, destruições e caos, para novamente serem restabelecidos os princípios do Iluminismo: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, este último, que hoje poderíamos substituir pela palavra solidariedade, enquanto não surge pensamento novo e melhor.

Adolfo Rosevics Filho é membro da Academia de Cultura de Curitiba.

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