A presidência

Quem assiste aos programas políticos do PMDB na televisão há de notar uma diferença essencial entre como se apresentam ministros e dirigentes do partido de Ulysses Guimarães e aqueles filiados a outras agremiações menores, também componentes das forças situacionistas. Enquanto estes sempre creditam ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, às vezes sem muita clareza, o que apregoam como seus feitos, os próceres peemedebistas não fazem menção aos petistas, nem mesmo ao presidente da República. Parecem convencidos de que o governo é do PMDB, como de resto o é em larga parcela, pois o número de petistas em ministérios e altos postos é bastante reduzido. A maioria se faz com a parcela peemedebista adesista e o PMDB já deixou claro que quer apresentar o candidato à sucessão em 2010.

Resiste o presidente Lula ensaiando a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e, no seu dizer, ?mãe? do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já declarou que candidato à sua sucessão será aquele (ou aquela) que demonstrar ter votos para uma vitória, o que poderia acontecer com Dilma, considerando-se que é um dos elementos de maior prestígio no governo e ainda leva a vantagem de ser mulher, o que para o eleitorado seria uma atraente novidade. No mais, é sem dúvidas uma figura política preparada, já tendo exercido diversas funções nos governos do Rio Grande do Sul e Federal, sempre com destaque. Não é por nada que está sendo objeto de um ataque violento de parte da oposição no caso do dossiê sobre os cartões corporativos, pois se trata de uma figura de prol das hostes situacionistas. Sua personalidade e importância é reconhecida até pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que no caso do dossiê, disse acreditar em sua inocência.

Qual a segunda opção de Lula, inviabilizada a candidatura petista de Dilma Rousseff pela imposição do PMDB de apresentar o nome para a sucessão? Votos mesmo e possibilidade de conquistar mais uma vez a presidência tem o próprio Lula, o que provam sobejamente sucessivas pesquisas de opinião pública.

Embora com freqüência Lula haja desprezando os demais poderes da República, como se abraçasse uma corrente golpista ou no mínimo antidemocrática, ele repetidas vezes declarou que não aceitaria um terceiro mandato. E um terceiro mandato demandaria modificações constitucionais difíceis de serem feitas, a menos que o caminho fosse um golpe de Estado. Mas a tese do terceiro mandato, apesar dos pesares, não morreu.

O prefeito de Recife, João Paulo Lima e Silva, que é membro do diretório nacional do PT, já diz em público ser favorável ao terceiro mandato. ?O terceiro mandato de Lula é o plano A; Dilma é o plano B; e o plano C é quem Lula indica,? revela ele. Afirma ainda: ?Trabalhamos com a perspectiva de que podemos apoiar a proposta de emenda constitucional do terceiro mandato, que será fundamental para o Brasil. Vamos apoiar um terceiro mandato para o presidente Lula, para dar continuidade à grande revolução social que ele está fazendo?, concluiu o prefeito da capital pernambucana.

No curto período de uma semana pregaram um terceiro mandato para Lula, além do político petista pernambucano, o vice-presidente José de Alencar, o deputado cassado José Dirceu e o deputado Devanir Ribeiro, anunciando que apresentará, nos próximos dias, a emenda que abre a possibilidade do continuísmo.

Cabe aqui ressaltar uma vez mais a sucessão de planos, designados como A, B e C, revelados pelo prefeito de Recife. O terceiro mandato de Lula como plano primeiro, seguido da candidatura Dilma Rousseff como segunda opção e, afinal, quem Lula indicar. Projeto de lógica irretorquível.

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