90% das crianças que vivem em abrigos federais mantém vínculos familiares

O Brasil possui cerca de 24 mil crianças e adolescentes que vivem em seiscentos abrigos atendidos por recursos federais. É o que informa a economista Enid Rocha, responsável por um estudo sobre o setor realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Ela participou do seminário "Abrigos: Comunidades de Acolhida e Sócio-educação", na região central da cidade, iniciado nesta segunda-feira e que termina hoje.

De acordo com a estudiosa, a maioria dos jovens em abrigos pesquisados tem entre oito e doze anos de idade e são do sexo masculino. Eles permanecem na instituição de dois a cinco anos, período que ela classifica como "longo" e que pode acarretar "sérios problemas na forma psicossocial". Apesar de estar em abrigos, a maioria possui família. "O principal motivo que leva o responsável a deixar o seu filho em um abrigo é a pobreza, que atinge 50% do total dos jovens", explica Enid. Outras razões apontadas no estudo são a violência doméstica e o abandono.

Rocha destaca ainda que o percentual de crianças e adolescentes órfãs que está nos abrigos é relativamente muito baixo: 6%. "Cerca de 90% dos jovens abrigados mantêm vínculos com seus familiares", diz a pesquisadora do Ipea. Enid entende que para ocorrer a "desinstitucionalização" da criança e adolescente, deve haver uma política de prevenção ao abrigamento, por parte dos governos de muncípios, estados e federal.

A pesquisadora do Ipea conta que os dados estarão numa publicação a ser lançada em janeiro, com apoio do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, da secretaria Especial de Direitos Humanos e do ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

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