Zuzu Angel estréia nos cinemas em agosto

d141160706.jpgO diretor Sérgio Rezende leva às telas a partir de agosto a cinebiografia da estilista Zuzu Angel, que divulgou a moda brasileira por todo o mundo. Com Patrícia Pillar, Daniel de Oliveira, Luana Piovani, Leandra Leal, Alexandre Borges e Paulo Betti no elenco, o filme conta a história dessa mulher que também lutou contra a ditadura militar.

Nos anos 70s, Zuleika Angel Jones – Zuzu Angel (Patrícia Pillar), desafiou as autoridades militares, devido ao desaparecimento de seu filho, Stuart (Daniel de Oliveira). Stuart fazia parte do movimento estudantil da época, sendo contra a ditadura vigente. Após ser preso, ele é torturado e assassinado por agentes do Centro de Informações da Aeronáutica, sendo dado como desaparecido político. É quando Zuzu decide denunciar os abusos cometidos pela ditadura, chamando a atenção no Brasil e no exterior.

Pioneira na moda brasileira, ela fez sucesso com seu estilo em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos. Neste país, inclusive, Zuzu entraria em uma guerra com o regime pela recuperação do corpo de seu filho.

Em vários de seus desfiles no exterior denunciou a morte do filho para a imprensa estrangeira e a deputados norte-americanos, entregando em mãos uma carta a Henry Kissinger, na época secretário de Estado do governo norte-americano, visto que seu filho também tinha a cidadania americana por causa do ex-marido de Zuzu. Sua atitude e a abrangência das denúncias, apesar da férrea censura, desnudavam o que a ditadura tentava esconder, os desaparecidos.

Zuzu passou, então a fazer -como ela mesma classificaria -?a primeira coleção de moda política da história?, usando estampas com silhuetas bélicas, pássaros engaiolados e balas de canhão disparadas contra anjos. O anjo tornou-se o símbolo de suas campanhas – caracterizando suas coleções de moda: anjos amordaçados, meninos aprisionados, sol atrás das grades, jeeps e quepes.

Durante cinco anos, ela ainda buscou reaver o corpo de Stuart, cuja morte e prisão jamais foram admitidos pelos órgãos de segurança. O atrevimento, a criatividade, a audácia e até mesmo o bom humor foram as armas que ela usou contra a ditadura.

Soube tirar proveito de sua fama, para envolver, a favor da sua causa, inúmeros clientes e amigos importantes: Joan Crawford, Kim Novak, Veruska, Liza Minelli, Jean Shrimpton, Margot Fontein, Henry Kissinger, Ted Kennedy, entre outros.

O acidente de automóvel em que veio a morrer foi bastante estranho, não ficando claras até hoje as circunstâncias dessa tragédia. Há testemunhas que afirmam que havia um jipe do Exército, logo após o acidente, na saída do Túnel Dois Irmãos, no Rio de Janeiro. Ela própria denunciou seu fim: ?Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho?.

Seu óbito, de n.º 384, foi firmado pelo Dr. Higino de Carvalho Hércules, que confirma a versão policial de morte em acidente.

Mineira

Zuzu nasceu em Curvelo, Minas Gerais, em 5 de junho de 1923, filha de Pedro Netto e Francisca Gomes Netto. Mais tarde sua família se mudou para Belo Horizonte, onde fez o curso primário no Grupo Escolar Barão do Rio Branco e o ginasial no Colégio Sagrado Coração de Jesus.

Ela começou sua carreira como costureira e, mais tarde, tornou-se designer, transformando panos de colchão, fitas de gorgurão, rendas do norte, pedras preciosas, estampados de pássaros e papagaios, babados e zuartes em saias, chales e vestidos maravilhosos, criando uma moda brasileira capaz de encantar o mundo. 

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