Viajar é preciso

Antônio Fagundes não disfarça que se sente muito à vontade na pele curtida de sol do caminhoneiro Pedro, de Carga Pesada. O ator comemora a quarta temporada da série criada em 1979, que voltou às telas depois de 24 anos e ainda hoje mantém um público fiel. "O Pedro e o Bino, do Stênio Garcia, são personagens muito brasileiros, simpáticos e bem próximos do público. Acho que esse é o motivo de fazer esse enorme sucesso até hoje", avalia Fagundes.

P – Quais as suas expectativas com a quarta temporada de Carga Pesada?

R – Continuamos gravando pelo Brasil inteiro este ano. E a série está com histórias bem divertidas e bastante variadas. Eu sempre gostei muito desse esquema do Carga Pesada de surpreender o público, que nunca sabe se vai ver uma comédia, um drama, uma aventura, se vai pegar no social, ou não. Acho que conseguimos marcar bem essa variação ao longo da série, principalmente por essa possibilidade de tocar no social e na realidade brasileira. O último episódio que a gente gravou, por exemplo, falou de prostituição infantil.

P – A que você atribui o sucesso de uma série que está há tanto tempo no ar?

R – São personagens que refletem a cara do Brasil. Cativam desde crianças até idosos de todas as classes. Acredito que isso acontece porque a série tem comédia, aventura, o caminhão… Fatores que agradam a um público bem variado. E ainda assim, esse público vem se renovando. O principal telespectador que dá retorno, surpreendentemente, são as crianças. A gente sempre se admirou positivamente com isso. Afinal, o horário que vai ao ar é bem tarde. Mesmo assim, o ibope é bom. Chegamos a atingir 26 ou 27 pontos. Para um horário, muitas vezes, depois da meia-noite, é excelente.

P – Você pretende voltar a fazer novelas?

R – Fazendo Carga Pesada fica impossível. Às vezes, gravamos até dois episódios no mesmo dia. Eu até consegui, durante um período, tocar outros projetos. Como, por exemplo, Mad Maria, que foi paralelo à série. Mas só dá para fazer isso quando não estou no teatro. Agora que eu fico no teatro de quinta a domingo, com a peça As Mulheres da Minha Vida, estou impossibilitado de gravar outra coisa. O Carga Pesada e o teatro anulam a possibilidade de uma novela tão cedo. A gente não pára. A série saiu do ar, mas estamos nessa correria de gravações desde janeiro e vamos até agosto.

P – Como você dá renovação ao Pedro? A personalidade dele também foi mudando ao longo do tempo?

R – O fato de ter vivido esse personagem há 28 anos e ter voltado a fazer criou uma espécie de evolução. Foi uma evolução nossa também, pelo fato deles estarem mais maduros. Isso deu uma diferença grande. E é um prazer descobrir, na hora de fazer, que eles mantêm a mesma estrutura, porém, são mais maduros e capazes de reflexões. Isso os personagens anteriores não tinham. Eu tenho uma relação de carinho muito grande com esse personagem. Ele, de uma certa forma, é criação minha também, elaborado ao longo desses anos todos…

P – Como é a sua relação com o Stênio Gracia, depois de tantos anos trabalhando juntos?

R – Nós já fizemos muita coisa juntos. A gente brinca que já virou um casamento. Hoje mesmo um amigo ligou e perguntou se nós já estávamos morando juntos… Mas nosso casamento é moderno. Cada um na sua casa (risos).

* Carga Pesada – Globo, sextas-feiras, às 23h. 

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