Universal lança 2 coleções com clássicos do jazz

São Paulo (AE) – Há tempos os amantes do jazz não têm tantos títulos bons lançados no Brasil como nesta temporada. A imensa maioria das novidades continua chegando só via importação, mas pelo menos ficou mais fácil para quem procura álbuns importantes de alguns gigantes do gênero. Os saxofonistas John Coltrane, Charlie Parker e Sonny Rollins e o pianista Oscar Peterson estão entre os mais privilegiados dentro de duas coleções da Universal, Classics e Originals, que trazem clássicos dos selos Verve e Impulse.

Johnny Hartman

O mais recente do pacote é o duo espetacular de Coltrane com o cantor Johnny Hartman, gravado em 1963. Outros encontros de igual nível como os de Stan Getz e João Gilberto, Jimmy Smith e Wes Montgomery, Duke Ellington e Johnny Hodges, Oscar Peterson com Louis Armstrong ou com Lester Young, e Dizzy Gillespie com Sonny Stitt e Rollins também voltam remasterizados e com encartes decentes, reproduzindo as notas originais dos discos e ficha técnica.

Coltrane & Hartman é a obra-prima do cantor de estilo aveludado, nitidamente influenciado por Billy Eckstine. Combinada com a languidez do sax de Coltrane – que tem outros discos imprescindíveis nestas coleções -, sua voz de barítono é de derreter em temas como They say it?s wonderful (Irving Berlin) e Lush life (Billy Strayhorn), cuja versão é considerada definitiva. São apenas seis faixas em pouco mais de 31 minutos, o que impulsiona o ouvinte a apertar o play repetidas vezes com prazer. Quem os acompanha é ninguém menos que McCoy Tyner (piano), Jimmy Garrison (baixo) e Elvin Jones (bateria).

Para quem gosta de jazz mais suave e romântico, a EMI investe numa série de coletâneas intitulada Music for lovers, com gravações antigas da Blue Note. Os saxofonistas dominam a coleção: Stan Getz, Stanley Turrentine, Hank Mobley e Dexter Gordon. O pianista Horace Silver, o guitarrista/violonista Earl Klugh, o trompetista Lee Morgan e o organista Jimmy Smith também têm um álbum cada um na série. Jazz for a Romantic Mood faz uma compilação da compilação, com uma faixa para cada um destes solistas.

Repertório

O repertório de Getz, além de ser dos mais conhecidos é dos mais prazerosos: tem clássicos como Moonlight in Vermont, Tenderly, e Autumn Leaves em belos arranjos. O mesmo se pode dizer do classudo Morgan em temas como Ill Wind, you go to my head e All the way. Já o de Horace Silver é um dos mais chatinhos, lento demais. Um tanto enjoativo também é o de Gordon com faixas longas, algumas bocejantes. Para compensar o gosto duvidoso do material gráfico, o encarte pelo menos traz as datas de cada gravação, o que é raro em coletâneas.

A Universal tem outra coleção na mesma linha e de uns anos para cá vem lançado títulos como New York for lovers, Coltrane for lovers, Getz for lovers, etc. Melhor ficar com os recém-relançados álbuns originais das séries da Verve e da Impulse, que têm títulos inéditos em CD no Brasil, como o duplo One down, One up: Coltrane Live at the half note, gravado em duas noites de1965 no clube nova-iorquino.

São apenas quatro faixas – One down, One up, Afro blue, Song of praise e My favorite things -, com duração entre 13 e 27 minutos. Coltrane ainda estava com seu clássico quarteto (citado acima) e sua performance impressiona na medida em que continua a entortar as convenções das estruturas musicais. É um registro histórico.

Entre os outros cinco estrelas da coleção estão Back to back: Duke Ellington and Johnny Hodges Play the Blues (1959); Lester Young with the Oscar Peterson Trio (1952); Getz/Gilberto (1963), ?o? clássico da bossa nova, que vem com duas faixas bônus; e A love supreme (1964), de Coltrane. Isto, além das deusas supremas Ella Fitzgerald (Live in Berlin) e Billie Holiday (Lady Sings the Blues).

Para os não iniciados é uma oportunidade e tanto para elevar o padrão e transformar radicalmente o conceito de criatividade e beleza. Saída de emergência para estes tempos em que um medíocre como 50 Cent é eleito ?o melhor compositor? entre americanos.

Voltar ao topo