Underground em 1.º plano no Curitiba Pop Festival

Vinte bandas. Quase 24 horas de show. Dois dias. A primeira performance no Brasil de um dos mais famosos grupos americanos da década de 90 – o Breeders. Na tarde de hoje, na Ópera de Arame, começa a primeira edição do Curitiba Pop Festival, evento que já nasce grande e anual, com o objetivo de solidificar de vez a capital paranaense no circuito dos grandes festivais nacionais.

Ao contrário de outros importantes festivais em outras capitais, porém, o CPF nasce com uma incrível identidade conceitual. Seguindo a tradição do rock da cidade – que há algumas décadas vem se mantendo firme e forte nas malhas do underground – aqui não há grandes medalhões da música nacional. A escalação – com exceção dos recifenses Nação Zumbi e Otto, que há uma década instalaram os chips do manguebeat em todo o país – é quase toda formada por nomes desconhecidos da grande mídia. São bandas alternativas vindas das mais importantes capitais brasileiras (seis representam o time da casa) que tocarão por aqui nesta sexta e sábado – isto sem contar os eventos paralelos e extra-oficiais espalhados por aí, que apresentarão até domingo outros grupos e vários DJs.

O grande brilho do festival, porém, está no line-up estrangeiro. Para uma cidade que está cansada de só receber dinossauros em fim de carreira e bluesmen de importância duvidosa, a trinca programada para a primeira edição é uma grande bênção. Hoje, primeiro dia do festival, a programação está mais voltada para as sonoridades eletrônicas. Por isso, dois importantes nomes da cena européia encerrarão a noite. O último a se apresentar é a dupla franco-germânica Stereo Total. Françoise Catus e Brezel Göring estão lançando seu primeiro álbum no País, e fazem uma divertida mistura de gêneros, estilos e referências do pop, da moda e da cultura desde os anos 60. Antes deles, o projeto Rubin Steiner – capitaneado pelo francês Fred Landier – mostra por que seu país vem ganhando destaque no segmento. Landier promove uma excitante fusão entre jazz, hip hop e electronica.

E cabe ao grande nome do festival encerrar as atividades amanhã à noite. Depois de mais de uma década de espera, um dos grandes sonhos dos fãs de rock alternativo estará se realizando quando o Breeders subir ao palco. Liderado pelas irmãs gêmeas, guitarristas e vocalistas Kim e Kelley Deal, o quinteto chega com nova formação e a garra para superar o longo período de inatividade, provocado pelos problemas de Kelley com as drogas. A estréia da banda em território brasileiro, que entrou para a história em 1994 ao lançar um dos melhores discos da década (Last Splash, ainda em catálogo no Brasil) e um dos hits do ano (Cannonball, de linha de baixo inesquecível e refrão grudento) ainda tem um quê a mais: este também será o primeiro show no Brasil de um ex-integrante do lendário grupo americano Pixies, um dos mais influentes e venerados nomes do final do século passado. Tudo privilégio de Curitiba, que assiste à passagem dos Breeders pelo país com exclusividade. Agüenta, coração…

Alternativo do alternativo na Lapa

Aos indies mais ortodoxos, que não puderem ou não quiserem prestigiar o “oficialesco” Curitiba Pop Festival, uma boa alternativa pode ser a terceira edição o Festival Psicodália, que começou ontem e vai até domingo na Chácara Jagatá, na Lapa. E o melhor é que algumas bandas que estarão na Ópera de Arame, como Faichecleres e Criaturas, também vão marcar presença nos históricos campos lapeanos.

Independente até a raiz da medula, sem patrocínio nem apoio, o festival vai contar com 17 bandas curitibanas, uma da Lapa (Gatos no Telhado) e uma de São Leopoldo (RS) (Voodoo Trio). Integram a seleção curitibana os grupos Relespública, Nefelibatas, Universo em Verso Livre, Sopro Difuso, Clorofila e Jardim Secreto, Gato Preto, Projeto República dos Bichos, Naftalanja, Algo Variável, Os Dissonantes, Zaius, Zé do Rock e Victor Jazz, Extromodos, Som Nascente e Glóbulos Verdes, além das já citadas Faichecleres e Criaturas.

Além das apresentações musicais, estarão sendo realizadas oficinas de arte, apresentações teatrais e performances artístico-culturais informais, que serão organizadas pela Companhia Respirar-te, com o intuito de agregar arte e cultura aos quatro dias do Festival. Além disso, hoje à tarde o evento apresenta o Projeto Palco Livre, uma iniciativa dos organizadores que estarão disponibilizando os equipamentos de palco e o próprio espaço para artistas que queiram dar uma “canja” ou apresentar sua arte para o público presente. As inscrições já estão abertas.

Criado para valorizar o cenário underground de Curitiba e vizinhanças, o festival convida apenas bandas de música própria, com letras em português e que se dediquem ao “bom e velho rock?n?roll”. A primeira edição aconteceu em Angra dos Reis em novembro de 2001, e a segunda em junho do ano passado em Morretes.

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Shows oficiais e apresentações a partir das 18h. As oficinas são gratuitas e ministradas à tarde. Convites na Hard Temple Records (Omar Shopping, térreo) e no Poemia Bar (Rua Mateus Leme, 65), com preços variando entre 25 e 5 reais. Alimentação à venda no local. Informações pelos telefones (41) 9103-9552 e (41) 377-6751. Mapa da Chácara Jagatá disponível nos postos de venda.

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