Uma vilãzinha de ocasião

Apesar de nunca ter feito tevê, Marília Passos não se intimidou quando recebeu o convite para integrar o elenco de “Coração de Estudante”. Aos 22 anos, ela só teve contato com as câmaras nos cursos de vídeo promovidos pela CAL, Casa de Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

“Sempre tive afinidade com a tevê. Adorava os cursos e queria muito trabalhar com vídeo”, enfatiza a atriz. A primeira providência que Marília tomou assim que se formou na escola de teatro foi entrar para o cadastro de atores da Globo. Depois disso, amargou uma longa espera de um ano até a grande chance aparecer. “Neste período, estudava muito para não me sentir sozinha”, recorda a atriz, natural de Campinas, interior de São Paulo, que mora no Rio desde 1998.

O primeiro papel de Marília na tevê veio das mãos de Emanuel Jacobina e Ricardo Waddington, autor e diretor da novela das seis da Globo. Os dois escolheram Marília depois de analisar diversos testes que ela disputou com outras aspirantes a atriz. “Fiz três testes para integrar o elenco. Na época, ainda não estava definido que personagem eu faria na trama, caso fosse aprovada”, lembra. Uma semana depois do último teste, Marília recebeu a boa nova. Ela havia sido escolhida para fazer a mimada Pati, que vive às turras com a irmã Clara, interpretada por Helena Ranaldi.

Mãozinha

A ansiedade pelo primeiro papel na tevê acabou logo nas primeiras reuniões de elenco. Atores mais experientes, como Adriana Esteves, Jussara Freire e Cláudio Heinrich, trataram logo de deixá-la à vontade. Depois disso, Marília recebeu a providencial ajuda do próprio autor para compor a personagem que tinha poucos traços definidos. Juntos, chegaram à conclusão de que não era necessária tanta pressa para definir a personalidade de Pati. De mimada, a personagem se transformou na “vilãzinha” de “Coração de Estudante”, depois que Jacobina recebeu uma “mãozinha” do autor Carlos Lombardi para redirecionar a trama. O autor de “O Quinto dos Infernos” foi convocado às pressas para elevar os modestos índices de audiência, que patinavam na casa dos 25 pontos e agora atingem a casa dos 30.

A fase mais marcante da transformação de Pati aconteceu quando a personagem sofreu um grave acidente de carro, depois de levar um fora do namorado Baú, personagem de Cláudio Heinrich. Com o desastre, Pati ficou paralítica e desencantada da vida, só pensando em se vingar do ex, seu algoz imaginário. A partir daí, o boa-vida Baú passou a encarar um pesadelo. Sentindo-se culpado pela infelicidade da moça, decidiu fazer todas as vontades da jovem tirana. Só que, depois de muita fisioterapia, a moça voltou a andar. Mesmo assim, Pati resolveu não desperdiçar a chance de se vingar e omitiu a recuperação de Baú, que, por pena, pediu a moça em casamento. “A Pati tem atitudes muito imaturas. É uma inconseqüente. Quer tudo para ela e não pensa nos outros”, repreende Marília.

Mas a desforra não vai muito longe. Baú descobre que ela não está deficiente coisa nenhuma e vira o jogo. Passa a trair a esposa com a mulherada de Nova Aliança. Para não ficar atrás, Pati começa a dar em cima de Nélio, papel de Vladimir Brichta, garanhão de plantão da cidade. “Passei por cenas dramáticas e agora gravo as cômicas. Tudo isso está sendo um grande aprendizado”, comemora a atriz, que sempre se surpreende com os rumos que a personagem toma com o desenrolar da história. “Recebo as novidades da vida da Pati no dia anterior da gravação. Mal tenho tempo para estudar como ela agiria em cada situação”, esclarece.

Planos

Mesmo faltando bastante tempo para a trama de Jacobina acabar – o “happy-end” está previsto para outubro -, Marília não perde tempo e já começa a pensar nos próximos projetos. Entre eles, destaca estudar cinema e atuar em um longa. Ao mesmo tempo, imagina qual poderia ser sua próxima personagem em uma novela. A atriz não esconde a vontade de, um dia, interpretar a heroína de uma história de amor bem ao estilo do autor Manoel Carlos. “Sou fascinada pelas grandes histórias de amor, como a de ‘Salomé’, de Oscar Wilde”, suspira.

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