Uma paixão correspondida

Desde que chegou ao Rio de Janeiro, há dois anos, a venezuelana Elena Toledo não consegue mais arredar os pés da cidade. A princípio, desembarcou no Brasil apenas para atuar em Vale Todo, “remake” da novela de Gilberto Braga que a Globo produziu para o público hispânico nos Estados Unidos. Mas aí veio outro convite de trabalho para fazer uma das vedetes do “night club” de Kubanacan e ela adiou a volta à Venezuela. Logo em seguida, quando já estava com tudo pronto para ir embora, surgiu um teste para Cabocla. Novamente estavam precisando de uma bela atriz que falasse espanhol. Mesmo com um convite na manga para atuar numa novela na emissora Telemundo, nos Estados Unidos, Elena não hesitou em aceitar.

“Achei ótimo. Se continuar aparecendo convites interessantes, fico por aqui”, adianta a atriz de 29 anos, que já pretende permanecer mais um tempo no Brasil depois de Cabocla para esperar por isso.

Não foi só o fato de trabalhar na emissora que produz novelas com prestígio em todo mundo que fez Elena ficar. Ela garante que a personagem contou e muito. Em Cabocla, Elena é Pepa, uma dançarina espanhola que vai fazer de tudo para fisgar Luís Jerônimo, personagem de Daniel de Oliveira. Nos próximos capítulos, inclusive, ela viaja atrás do amado até Vila da Mata, cidade onde a maior parte da trama é ambientada. “Não é um papel pequeno, ela está bem próxima do protagonista. Também gostei do jeito dela. É romântica e tem muita fé, assim como eu”, explica.

A oportunidade de conhecer o lado rural do Brasil também empolgou Elena. Ela fala com entusiasmo sobre as comidas típicas que saboreou nas festas de lançamento da novela. “Adorei os doces feitos com milho. Nos capítulos leio palavras que não sabia que existiam. Está sendo muito bom para a minha cultura”, acredita a atriz, que estudou sobre a década de 20 como laboratório para a novela.

Carreira no Brasil

O fato de ter sido escalada para uma trama totalmente brasileira, ao contrário de Kubanacan, fez Elena acreditar que pode construir carreira por aqui. Até porque ela já fala o português corretamente e a cada dia controla melhor o sotaque. “Não perdi o espanhol, mas a melodia sim. Minha família diz que falo com jeito diferente”, conta. Isso sem contar que se adaptou totalmente à vida no Rio de Janeiro. Elena adora a cidade, principalmente a praia. “Me sinto muito bem no Rio”, resume a atriz, que mora na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, com a filha Valentina, de 10 anos. A falta da família é driblada com telefonemas e fotografias espalhadas pela casa. “É como se eles estivessem perto de mim”, imagina.

Além de ir à praia, Elena costuma freqüentar as cachoeiras da Floresta da Tijuca nas horas livres. Como atividades regulares, faz aulas de dança espanhola para a novela e musculação, além de caminhadas e corrida. “Não sou rigorosa porque canso de fazer tudo sempre igual”, assume a atriz, em plena forma com 51 kg distribuídos por 1,67 m de altura.

A beleza indiscutível levou Elena a trabalhar como modelo na Venezuela. Mas, ao contrário do que costuma acontecer, não foi em decorrência dos estúdios de fotografia que a moça se tornou atriz. Ela conta que sempre se interessou pela arte de interpretar. “Em um momento quis parar de ser modelo para investir no que queria. Fiz três novelas na Venezuela até vir para cá atuar em Vale Todo, relembra.

Fã de carterinha

Antes de fazer novela no Brasil, Elena Toledo era fã de carteirinha das novelas brasileiras. Não perdia um capítulo de Pantanal, Por Amor e Laços de Família, por exemplo. Mesmo assim ficou impressionada com o requinte de cenários e iluminação, por exemplo. Também admira a entrega dos atores brasileiros ao trabalho. “Mas não quero ser injusta com os atores da Venezuela. Lá o mercado é diferente. As novelas são menos realistas, parecem contos de fada”, analisa.

“Conhecendo os dois posso saber qual prefiro. Sem dúvida gosto mais do brasileiro”, assume. Elena também aprendeu a lidar melhor com a câmara. Ela conta que na Venezuela o ator não precisa se preocupar tanto para onde deve olhar e até com relação à interpretação – recebe as instruções mastigadas. “Aqui o ator tem de saber mais de tudo. Isso é bom, amadurece”, conclui Elena.

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